A primeira edição do Festival Ceará Voador, voltada para o cinema, acontece de 5 a 7 de maio na comunidade do Poço da Draga e de 8 a 10 de maio na Sala 2 do Cinema do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Idealizado e dirigido por Sara Síntique, escritora, atriz, gestora e produtora cultural, o festival propõe uma experiência marcada pela democratização do acesso ao cinema, voltada especialmente para pessoas que têm pouco acesso às salas de exibição, mas também aberta ao público em geral.
A programação destaca o audiovisual cearense e promove a reflexão sobre o fazer cinema no estado, com direito a debates após cada sessão de filmes.
O festival tem início com duas oficinas realizadas nos dias 5, 6 e 7 de maio, no coreto do Poço da Draga, em frente à Ponte Velha. As oficinas, realizadas em parceria com o Instituto Velaumar, coordenado por Isabel Lima, se destinam ao público idoso já atendido pelo Instituto e integram as celebrações pelos 119 anos de luta e resistência da comunidade.
Já nos dias 8, 9 e 10 de maio, de quinta a sábado, à tarde e à noite, acontecem as exibições dos filmes selecionados para o festival, incluindo dois longas-metragens e os 15 curtas que compõem a Mostra Competitiva, com premiação.
O festival é apoiado pela Lei Complementar 195/2022 - Lei Paulo Gustavo, por meio da Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza. E conta também com patrocínio da ESPAÇOPROJETOS e com a parceria do Instituto Dragão do Mar, do Atelier Rural e da Editora Substânsia.
O acesso à Sala 2 do Cinema do Dragão será gratuito, aberto ao público geral, e contará também com ações de mobilização de plateia, como oferta de transporte de ida e volta, possibilitando a participação de pessoas com histórico de poucas oportunidades de acesso ao cinema, como estudantes do Ensino Médio e da Educação de Jovens e Adultos, da rede pública, de escolas parceiras.
Para Sara Síntique, o "Ceará Voador", nome que lhe foi sugerido e que ela recebeu como presente do escritor e amigo Manoel Ricardo de Lima, é o Ceará que sonha, que voa, que sempre foi muito vanguardista.
"Pra mim o festival é um voo, gerado pelo sonho. Quando a gente senta numa cadeira de cinema pra assistir a um filme, a gente tá ali imaginando, voando. E é uma imagem que tem a ver com todas as artes, que envolve o pioneirismo e a ousadia do cearense, como no voo do pavão misterioso de Ednardo, de sonho, imaginação, ousadia", relaciona.
"O cinema cearense está voando longe, se destacando nos festivais nacionais e internacionais, ganhando prêmios. A gente acredita muito no cinema e na educação cearense, exemplos pro Brasil todo. A arte produzida no Ceará é uma pauta cada vez mais importante, sem nenhuma restrição ao que é feito fora, mas com a missão de mostrar o que temos aqui", ressalta a diretora do festival.
Filmes seguidos de debates
O Festival Ceará Voador promoverá debates com os realizadores, ao final de cada sessão. Serão três curtas a cada sessão, seguidos por 50 minutos de debate, além de um longa na noite de abertura do festival e outro na de encerramento.
"É nesses debates que a gente constrói um elo muito forte entre artistas, realizadores e público, o que é fundamental no processo de mediação cultural. É muito interessante, como ação de educação, a gente trazer o debate, a fala, a possibilidade de questionamento, em uma ação presencial, fora dos celulares e computadores", ressalta Sara Síntique.
Curadoria e formato do festival
A curadoria do I Festival Ceará Voador ficou a cargo de dois cearenses - Rúbia Mércia, pesquisadora do cinema e da educação, que já foi coordenadora de audiovisual da Vila das Artes, também do Centro Cultural Bom Jardim e atua agora no Hub Porto Dragão, enquanto cursa doutorado no eixo "Cinema, Educação, Mulheres", e Pedro Diógenes, diretor, cineasta, militante do cinema feito no Ceará há muitos anos, profissional reconhecido no Brasil e no exterior, com olhar antenado para a nova produção - e um alagoano: o cineasta Ulisses Arthur, mantenedor de um festival de cinema em Alagoas, diretor de curtas finalizados no Ceará e que se destacaram em vários festivais, engajado nos debates sobre cinema e educação e sobre democratização do acesso ao audiovisual, atualmente finalizando no Ceará seu primeiro longa-metragem.
As inscrições consideraram uma janela para um longo período de produção, como forma de contemplar filmes que foram lançados ou produzidos durante a pandemia e que sofreram com as restrições à experiência presencial do cinema.
Outro destaque vai para a presença de produções de realizadores do Interior do Estado, incluindo municípios como Juazeiro do Norte, Tianguá, Icó e Aracati.
Júri cearense e plural
O júri da mostra competitiva de curtas do I Festival Ceará Voador será formado por Flor Fonteles, cineasta cearense de Fortaleza, que hoje mora no Canadá e integrou a primeira turma de Cinema da UFC, escrevendo atualmente um roteiro a ser filmado no estado; Lucas Coelho, destacado sonidista cearense, que estudou na Escola de Cinema de Cuba; e Wara, cearense que também estudou na Escola de Cinema de Cuba e tem um pensamento muito forte sobre a descentralização do cinema, trabalhando também com cinemas indígenas.
Serviço:
I Festival de Cinema Ceará Voador. Exibição de filmes de 8 a 10 de maio, na Sala 2 do Cinema do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Entrada franca. Oficinas, para público previamente definido, em parceria com o Instituto Velaumar, de 5 a 7 de maio no Coreto em frente à Ponte Velha, na comunidade do Poço da Draga. O acesso ao Centro Dragão do Mar se dá pelas avenidas Leste Oeste, 81 (a entrada dos museus), e Pessoa Anta, 374 (perto da Caixa Cultural Fortaleza). Mais informações: Instagram @festivalcearavoador.