Por Francisco Leopoldo Martins Filho
A segurança pública no Brasil vive um momento crítico, com índices de violência alarmantes e uma sensação generalizada de impunidade. Enquanto o poder público debate soluções e a população clama por medidas eficazes, um caso recente escancara as fragilidades do sistema: o golpe do falso advogado. Esse episódio não apenas revela a audácia de criminosos, mas também expõe falhas estruturais que permitem que situações assim ocorram.
O golpe do falso advogado ganhou destaque após a descoberta de um indivíduo que, sem formação jurídica, assumiu a defesa de diversos réus em tribunais de todo o país. Com documentos falsificados e um discurso convincente, ele conseguiu burlar a fiscalização e atuar por anos sem ser questionado. O caso levanta questões perturbadoras: como alguém sem qualificação conseguiu infiltrar-se no sistema judicial? E o que isso diz sobre a segurança dos processos legais no país?
Esse episódio é apenas a ponta do iceberg. A crise na segurança pública vai muito além da atuação de criminosos isolados. Ela reflete a desordem institucional, a falta de investimento em tecnologia e inteligência, e a fragilidade dos mecanismos de controle. Se um falso advogado consegue enganar o sistema por tanto tempo, o que mais pode estar passando despercebido?
A impunidade é um dos fatores que alimentam essa crise. Muitos criminosos se sentem encorajados a agir, sabendo que as chances de serem punidos são mínimas. No caso do falso advogado, a demora na identificação e punição do golpista só reforça essa percepção. É urgente que o poder público adote medidas mais rigorosas para coibir práticas ilícitas e restaurar a confiança da população no sistema de justiça.
Além disso, é preciso investir em tecnologia e capacitação profissional. A digitalização de processos e a integração de bancos de dados poderiam evitar situações como essa, facilitando a identificação de fraudes e irregularidades. A formação continuada de servidores e a valorização dos profissionais da área jurídica também são essenciais para garantir a eficiência e a credibilidade do sistema.
A crise na segurança pública não será resolvida com medidas paliativas ou discursos inflamados. Ela exige um compromisso sério com a transparência, a modernização e o respeito às instituições. O golpe do falso advogado serve como um alerta: enquanto não enfrentarmos as raízes do problema, continuaremos vulneráveis a novas falhas e fraudes.
É hora de agir com firmeza e responsabilidade. A segurança pública é um direito de todos, e sua garantia deve ser prioridade absoluta. Caso contrário, episódios como esse continuarão a manchar a credibilidade das instituições e a comprometer o futuro do país.
Francisco Leopoldo Martins Filho
Advogado
Membro Efetivo da Comissão Direito Eleitoral da OAB/CE