domingo, 15 de dezembro de 2024

Foragido da Justiça, prefeito eleito de Choró é diplomado por meio de procuração para o filho

 


O prefeito eleito de ChoróBebeto Queiroz (PSB), foi diplomado para o mandato à frente do Executivo do Município na tarde deste sábado (14). O mandatário, no entanto, está foragido da Justiça. Sob risco de ser preso caso aparecesse na cerimônia, ele nomeou o filho, Daniel Queiroz, como seu representante legal para ser diplomado.

A cerimônia ocorreu no Fórum Desembargador Avelar Rocha, em Quixadá, e contou com a presença do presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE), desembargador Raimundo Nonato Silva Santos.

A diplomação é a última etapa da eleição, passados os prazos de questionamento e de processamento do resultado. É o meio pelo qual a Justiça Eleitoral atesta a escolha das urnas, tornando aquela figura pública apta a tomar posse no cargo.

Sob suspeita

Bebeto Queiroz é investigado por supostamente participar de esquema de compra de votos e por influenciar nas eleições de outubro "em dezenas de municípios do Ceará". 

Em 4 de outubro, a Polícia Federal deflagrou uma primeira operação, chamada de Mercato Clauso. Na ocasião, a PF apreendeu R$ 600 mil com indivíduo vinculado a grupo que atuava nas cidades de Fortaleza, Canindé e Choró.

Em 22 de novembro, foi a vez do Ministério Público do Ceará (MPCE) sair às ruas para investigar suspeitas de irregularidades em contratos feitos pela Prefeitura de Choró. O prefeito da cidade, Marcondes Jucá (PT), foi preso na operação, nomeada de Ad Manus (Nas Mãos). 

À época, o prefeito eleito Bebeto Queiroz foi considerado foragido pela Justiça, mas se entregou à Polícia Civil no dia seguinte. Ele chegou a ficar 10 dias detido, mas foi liberado. 

No entanto, no dia 5 de dezembro, o político voltou a ser alvo da operação Vis Occulta, um desdobramento da operação Mercato Clauso. Bebeto não foi localizado pelos agentes federais, portanto, é considerado foragido.

Segundo divulgou a PF, as investigações "revelaram indícios de que os valores utilizados para a compra de votos foram obtidos por meio de um esquema de caixa 2, envolvendo contratos públicos direcionados a empresas vinculadas à organização criminosa”. Ainda conforme a corporação, os recursos eram destinados ao “financiamento ilícito de campanhas eleitorais".

Diplomação

Na cerimônia de diplomação, além do filho de Bebeto, também compareceu o vice-prefeito eleito, Bruno Jucá (PRD), e os vereadores do próximo mandato, além dos demais eleitos nos municípios da 6ª Zona Eleitoral (Quixadá, Banabuiú, Choró e Ibaretama). 

Caso seja comprovada a atuação do prefeito eleito no esquema, Bebeto pode ser responsabilizado não só criminalmente, como também no âmbito eleitoral, com cassação de chapa. 

Segundo a Polícia Federal, as informações apuradas devem ser compartilhadas com as Promotorias Eleitorais de Canindé e Choró, para "subsidiar o eventual oferecimento de ações impugnativas” nesse sentido.

Se Bebeto seguir desaparecido ou sua prisão for renovada até depois de 1º de janeiro, quem toma posse da Prefeitura perante a Câmara Municipal de Choró é Bruno Jucá, o segundo na linha sucessória. 

A reportagem procurou o vice-prefeito eleito para esclarecimentos sobre a situação jurídica e política da chapa, mas não houve retorno.

 (Ponto Poder/DN)

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