O prefeito eleito de Choró, Bebeto
Queiroz (PSB), foi diplomado para o mandato à frente do Executivo do
Município na tarde deste sábado (14). O mandatário, no entanto, está foragido da
Justiça. Sob risco de ser preso caso aparecesse na cerimônia, ele nomeou
o filho, Daniel Queiroz, como seu representante legal para ser
diplomado.
A cerimônia ocorreu no Fórum Desembargador Avelar Rocha, em
Quixadá, e contou com a presença do presidente do Tribunal Regional Eleitoral
do Ceará (TRE-CE), desembargador Raimundo Nonato Silva Santos.
A diplomação é a última etapa da eleição, passados os prazos
de questionamento e de processamento do resultado. É o meio pelo qual a Justiça
Eleitoral atesta a escolha das urnas, tornando aquela figura pública apta a
tomar posse no cargo.
Sob suspeita
Bebeto Queiroz é investigado por supostamente participar
de esquema de compra de votos e por influenciar nas eleições de
outubro "em dezenas de municípios do Ceará".
Em 4 de outubro, a Polícia Federal deflagrou uma primeira
operação, chamada de Mercato Clauso. Na ocasião, a PF apreendeu R$
600 mil com indivíduo vinculado a grupo que atuava nas cidades de Fortaleza,
Canindé e Choró.
Em 22 de novembro, foi a vez do Ministério Público do Ceará
(MPCE) sair às ruas para investigar suspeitas de irregularidades em contratos
feitos pela Prefeitura de Choró. O prefeito da cidade, Marcondes Jucá (PT), foi
preso na operação, nomeada de Ad Manus (Nas Mãos).
À época, o prefeito eleito Bebeto Queiroz foi considerado
foragido pela Justiça, mas se entregou à Polícia Civil no dia seguinte. Ele
chegou a ficar 10 dias detido, mas foi liberado.
No entanto, no dia 5 de dezembro, o político voltou a ser
alvo da operação Vis Occulta, um desdobramento da operação Mercato Clauso.
Bebeto não foi localizado pelos agentes federais, portanto, é considerado
foragido.
Segundo divulgou a PF, as investigações "revelaram
indícios de que os valores utilizados para a compra de votos foram obtidos por
meio de um esquema de caixa 2, envolvendo contratos públicos direcionados a
empresas vinculadas à organização criminosa”. Ainda conforme a corporação, os
recursos eram destinados ao “financiamento ilícito de campanhas
eleitorais".
Diplomação
Na cerimônia de diplomação, além do filho de Bebeto, também
compareceu o vice-prefeito eleito, Bruno Jucá (PRD), e os vereadores do próximo
mandato, além dos demais eleitos nos municípios da 6ª Zona Eleitoral (Quixadá,
Banabuiú, Choró e Ibaretama).
Caso seja comprovada a atuação do prefeito eleito no
esquema, Bebeto pode ser responsabilizado não só criminalmente, como também no
âmbito eleitoral, com cassação de chapa.
Segundo a Polícia Federal, as informações apuradas devem ser
compartilhadas com as Promotorias Eleitorais de Canindé e Choró, para
"subsidiar o eventual oferecimento de ações impugnativas” nesse sentido.
Se Bebeto seguir desaparecido ou sua prisão for renovada até
depois de 1º de janeiro, quem toma posse da Prefeitura perante a Câmara
Municipal de Choró é Bruno Jucá, o segundo na linha sucessória.
A reportagem procurou o vice-prefeito eleito para
esclarecimentos sobre a situação jurídica e política da chapa, mas não houve
retorno.