Será agraciado nesta segunda-feira, 16, com o Título de Doutor Honoris Causa da Universidade Regional do Cariri (URCA), o cineasta, escritor e dramaturgo Rosemberg Cariry. A cerimônia acontece às 19h, no Salão de Atos da URCA, no campus do Pimenta, em Crato, presidida pelo Reitor Carlos Kleber de Oliveira.
Antônio Rosemberg de Moura, publicamente conhecido como Rosemberg Cariry, nasceu em Farias Brito, no ano de 1953. Teve a infância influenciada pelas tradições populares e religiosas locais, levou para as telas de cinema e os livros, o Cariri e sua cultura, através de um vasto material de pesquisa, divulgando assim esse importante tesouro, que representa esse grande caldeirão cultural.
O agraciado é também roteirista, documentarista, produtor e poeta. O Título de Doutor Honoris Causa reconhece a relevância do trabalho de Rosemberg Cariry, para a preservação dessa importante memória da arte e da cultura regionais. O desaparecimento de muitos registros dessa tradição, levou o pesquisador e ter a dedicação de uma vida para garimpar, através das suas pesquisas e registros, a obra de muitos dos mestres da cultura, poetas como Patativa do Assaré, entre muitos outros artistas.
A cultura que vem dos avós, com os relatos da tradição, marca profundamente a trajetória de Rosemberg Cariry. São centenas de publicações, pesquisas, estudos, gravações sonorizadas, filmes documentários e de ficção com a temática nordestina. No Crato, teve uma importante participação nos anos 70 nos movimentos artísticos, com lançamento da revista Nação Cariri, de onde também se originou o seu pseudônimo.
Carreira
A primeira investida de Rosemberg foi em super-8, ainda no Crato, no curta de ficção “A Profana Comédia"(1975). No final da década de 70, Rosemberg realizaria um média-metragem sobre o poeta popular Patativa do Assaré e faria inúmeros registros de manifestações das culturas populares e de eventos sociais, políticos e artísticos que agitaram a época. Depois disso, num período em que, no Ceará, todos ainda insistiam no super-8, Rosemberg passou a trabalhar com as bitolas profissionais de 16mm e 35mm, mergulhando no exercício pleno da arte e realizando filmes como “Patativa do Assaré-Um Poeta do Povo" (em parceria com Jefferson de Albuquerque Jr) e o "Caldeirão da Santa Cruz do Deserto". Ainda em meados da década de 80, filmaria “Pedro Oliveira O Cego que Viu o Mar" (concluído em 2000) e “Irmãos Aniceto Pífanos e Zabumbas"(inacabado). No final da década, iniciou as filmagens de “Juazeiro A Nova Jerusalém", que viria a ser finalizado dez anos depois.
Na década de 90, Rosemberg realizou documentários para a TV e também para o cinema; alguns finalizados e outros inacabados Tambor de Crioula, São Cristóvão, O Pau da Bandeira de Santo Antônio, Festa dos Caretas, Dia de Finados e Aves de Jesus, entre outros trabalhos.
Além do cinema, que marca de forma relevante a obra de Rosemberg Cariry, ele desenvolveu um trabalho como escritor e poeta, com a publicação de livros que contribuem enormemente para pesquisas no âmbito acadêmico e possibilitando esse conhecimento nas escolas, com parcerias importantes como Geraldo Urano, em 1975, com o livro de poemas, Despretencionismo, também Cultura Insubmissa – Estudos e Reportagens, em parceria com Oswald Barroso, em 1982. Em 2008, em parceria com Firmino Holanda, lançou o livro O Caldeirão da Santa Cruz do Deserto – Anotações para a história, e em 2011 organizou o livro Congresso Brasileiro de Cinema – Reflexões e Anotações para a História (dois volumes).
Em 1995, foi reconhecido com o “Prêmio Rodrigo de Franco Melo Andrade/ IPHAN”, outorgado pelo Ministério da Cultura. Foi presidente da Associação Brasileira de Cinema – ABD- Ceará, na década de 80 e um dos fundadores e primeiro presidente da Associação de Produtores e Cineastas do Norte e Nordeste – APCNN, nos anos de 2003-2004, além de representar de forma efetiva em grandes eventos e órgãos da área da sétima arte, o cinema brasileiro.