segunda-feira, 15 de julho de 2024

Juazeiro lembra hoje exatos 10 anos da morte do radialista Foguinho


Como forma de homenagem póstuma, o Site Miséria lembra exatos 10 anos da morte do radialista Francisco de Assis Silva, o Foguinho, que transcorre nesta segunda-feira. Ele nasceu em Juazeiro do Norte no dia 4 de novembro de 1945 e aqui mesmo faleceu no dia 15 de julho de 2014 vítima de complicações cardíacas o que fragilizou sua saúde e arrefeceu a carreira pondo fim a uma jornada de 69 anos. Foi um dos mais conceituados narradores esportivos do Nordeste e tornou-se ícone da radiofonia cearense. 

O mesmo construiu uma carreira que poderia até ter ficado na esfera local não fosse sua bravura e ousado comportamento quando transpôs os limites do estado e ganhou projeção nacional e até internacional. Foguinho deixou legados de profissionalismo e perseverança ao transmitir para o Cariri e Ceará sete Copas do Mundo, quatro Mundiais de Clubes no Japão e várias decisões importantes.

Lançado no ano de 2012, ao completar 54 anos de rádio, o seu livro “Foguinho: vida e obra”, relatou as dificuldades que marcaram seus primeiros anos de vida. Filho de Joaquim Casimiro da Silva e Lindalva Maria da Conceição, os parentes não acreditavam que aquela criança, nascida em família pobre e pesando menos de dois quilos, fosse sobreviver. Inclusive, a mãe falecera seis anos depois em virtude de complicações no parto do último filho, José Pedro Silveira Nunes. 

Desta forma, Foguinho passou a ser criado pelos avós maternos no que foi junto com o pai ao ser convidado para morar com os sogros a fim de tirá-lo da solidão na qual mergulhou em virtude da morte da companheira. Cinco anos depois (1956) Joaquim casou pela segunda vez e levou Foguinho e um irmão para morar com ele. O menino foi polidor em ourivesarias, vendeu pão doce, bombom e até pegou carrego para ajudar no orçamento doméstico, enquanto o pai trabalhava em usina de algodalgodão.

O mesmo tinha apenas 12 anos quando passou a trabalhar no Posto Monark, que consertava e alugava bicicletas. Depois, se tornou contínuo da Rádio Iracema, a primeira emissora de Juazeiro, mesmo com a resistência do diretor Coelho Alves em função da sua baixa estatura. Ele estava fascinado com o novo trabalho, mas veio a ordem de demissão pelo fato de não saber ler e nem escrever. Entretanto, a própria secretária Irene Monteiro se encarregou de alfabetizá-lo.

A vontade era tamanha que, em três meses, o menino já tinha aprendido até as operações matemáticas sempre guardando consigo o sonho de ser locutor de rádio. O mesmo passou a estudar na Escola Técnica de Comércio e, de contínuo, a operador de áudio na emissora. Não demorou a se tornar narrador esportivo e veio o casamento com Maria Lúcia Tavares no dia 16 de fevereiro de 1964. Meses depois, aceitou convite do padre barbalhense Mansueto de Lavor e se mudou para Petrolina (PE).

Naquele município, o sacerdote dirigia a Rádio a Voz do São Francisco e Foguinho foi o responsável pela abertura e direção do departamento esportivo quando ganhou projeção e ali ficou uma boa temporada. De Petrolina e, após breve retorno à Juazeiro, foi um salto para o rádio esportivo de Salvador (BA) considerado um dos mais concorridos do Nordeste. Foram quatro anos na Rádio Cultura da Bahia quando conheceu praticamente todo o Brasil.

A saudade do Cariri falou mais alto e Foguinho não exitou em retornar ao rádio juazeirense no ano de 1968 ao saber que o mesmo estava em fase de franca profissionalização. A Rádio Progresso tinha sido inaugurada em 1960 e o mesmo atendeu convite do comentarista esportivo Wilton Bezerra, que chefiava a equipe de esportes da emissora. Na nova empreitada, junto a experiência técnica e de reconhecida capacidade como narrador.

O sonho de trabalhar em uma Copa do Mundo seria realizado pela primeira vez na Espanha em 1982 sem jamais pensar em lucro e apenas na bravura e no resultado do trabalho profissional. “Ele morreu pobre, mas cumpriu o pacto assumido com a crônica esportiva deixando a marca do profissionalismo”, pontuou o colega, amigo e compadre Wilton Bezerra que, com ele, chegou a transmitir um dos mundiais de seleções afora outras importantes jornadas.

Também a convite de Wilton Bezerra, que chefiou por alguns anos a equipe esportiva da Rádio Cidade de Fortaleza, Foguinho foi embora para a capital. Durante sua permanência por lá, prestou inestimáveis serviços às equipes esportivas de Juazeiro, facilitando transmissões, conseguindo colaboradores e até transmitindo algumas partidas quando estava de folga na sua emissora. Foguinho era um homem divertido, gostava de contar causos e tinha o "riso frouxo".

(Demontier Tenório/Site Miséria)

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