segunda-feira, 10 de junho de 2024

Governador Elmano de Freitas fala ao O Globo sobre a esquerda dar mais importância à Segurança Pública como fator da violência


O governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), ao falar sobre Segurança Pública, ao Jornal O Globo, destacou que a esquerda precisa reconhecer que a injustiça social não é o único fator por trás da violência urbana. Ele enfatizou que as organizações criminosas devem ser tratadas como “inimigas do povo brasileiro” e defendeu a criação de um Ministério da Segurança Pública, uma ideia inicialmente rejeitada pelo governo Lula (PT).

Na entrevista, Elmano argumenta que o aumento do policiamento nas ruas é crucial para combater a recente escalada de homicídios no estado, que ele atribui à disputa entre facções criminosas. Na semana passada, Roberto Sá, ex-secretário de Segurança do Rio de Janeiro, assumiu a pasta de Segurança Pública no Ceará. O governador acredita que Sá, que possui experiência e ligação com a Polícia Federal (PF), poderá reforçar a segurança no estado, apesar das dificuldades enfrentadas no Rio durante sua gestão anterior.

Elmano criticou a falta de uma proposta consistente por parte das forças políticas do país para a segurança pública, enfatizando que a esquerda deve atualizar o discurso. Embora ainda considere a injustiça social, a desigualdade e a pobreza como causas importantes da violência, o governador reconheceu que a maior parte dos homicídios está ligada à disputa territorial entre organizações criminosas. Para ele, a esquerda deve propor uma ação mais rigorosa contra o crime, deixando claro que as organizações criminosas são inimigas da população e da democracia.

“Eu sou favorável a ter o Ministério da Segurança Pública. Ajudaria a dar o foco nessa integração, com uma política de segurança que articule todos os entes federativos e Poderes. É importante trazer junto Judiciário e Ministério Público. A polícia passa anos para prender um cara muito perigoso, e às vezes essa pessoa é solta por decisão judicial, talvez porque o inquérito teve uma falha processual. Isso desestimula. Hoje, nosso grau de integração está deixando a desejar”, declarou Elmano em entrevista ao O Globo.

O governador criticou duramente Ciro Gomes (PDT), ex-governador e presidenciável, cuja postura chamou de “atabalhoada” e “descabida”. Segundo Elmano, as acusações genéricas de corrupção feitas por Ciro levaram ao rompimento entre PT e PDT no Ceará. Em contrapartida, Elmano mantém uma aliança com o senador Cid Gomes (PSB), irmão de Ciro, e destaca a continuidade de políticas públicas iniciadas por Cid, como a escola de tempo integral e a interiorização da saúde pública.

Para o governador do Ceará, embora o presidente Lula enfrente dificuldades no Congresso, ainda conseguiu aprovar reformas importantes. Quanto ao futuro do PT, Elmano acredita que o protagonismo se definirá na atividade política real, destacando a importância da renovação de quadros no partido e a atualização programática em áreas como a segurança.

“Precisamos de um projeto com oportunidades para a população, mas, se a pessoa resolver ir para o mundo do crime, vamos tratá-la como inimiga do povo e da democracia”, enfatizou.

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