As obras do artesão Raimundo Caetano Rodrigues, o mestre Racar, deram vida a entidades do sincretismo religioso e da cultura popular. As cores saltam aos olhos, e fica impossível ter contato com suas peças e não se espantar diante da vida que carregam em si, como se ele tivesse um poder de encantamento ao talhar na madeira, novos seres e criaturas do imaginário popular. A criação de Racar foi interrompida por sua morte, em abril deste ano, aos 58 anos de idade.
Para quem não conheceu sua arte ainda em vida, é possível conhecer
suas obras e assim sua história, em exposição, na cidade do Crato, no Cariri.
Durante este mês de junho, a Secretaria da Proteção Social, por meio da Central
de Artesanato do Ceará (Ceart), e em parceria com o Centro Cultural do Cariri
Sérvulo Esmeraldo, homenageia o artesão com uma exposição que reúne
algumas de suas produções. A exposição está aberta para visitação às quintas e
sextas, das 15h às 20h, e aos sábados e domingos, das 12h às 20h.
“Racar era um exímio contador de histórias, criava um universo
inteiro povoado por santos, criaturas sobrenaturais e coisas da terra, do seu
povo, do seu Cariri”, conta a secretária da Proteção Social, Onélia Santana.
Ela lembra que Racar esteve entre os artesãos que levaram a arte cearense ao
Carrossel do Louvre, em Paris, no ano passado, e destaca a importância desses
artistas populares para a história e identidade do povo cearense.
De onde estiver, ele deve estar colorindo muitos outros seres
fantásticos desses que ele deu vida aqui na terra. O artesão faleceu em abril
deste ano, mas seu legado e genialidade permanecem vivos. Nascido em 1966, no
sertão do Cariri, em Nova Olinda, Racar veio com os pais e os quatro irmãos
para Juazeiro do Norte, onde trabalhou em fazendas como ajudante de pedreiro,
antes de descobrir sua vocação como artesão.
O maior sonho do artesão era ajudar toda a sua família, e ele
conseguiu realizar esse sonho em vida, seu irmão, Cícero Rodrigues, o “Zumbin”
, se tornou artesão inspirado em Racar. “Ele me ensinou muita coisa, lembro que
eu trabalhava na roça e um dia o Racar me convidou para ver como era o trabalho
dele com a madeira, esculpindo aquelas peças todas e depois pintando. Fiquei
encantado por tudo aquilo e percebi que também poderia ser um artesão”,
conta Zumbin, que hoje trabalha com arte sacra, no Centro de Cultura
Popular Mestre Noza, em Juazeiro do Norte.
Racar trabalhava em casa e no Centro de Cultura Popular Mestre
Noza, onde passava a maior parte do seu tempo. O artesão fica vivo em suas
obras e na força que elas carregam consigo. Ele transmitiu seu saber e
transformou a vida da sua família e de todos que o procuravam querendo aprender
a talhar na madeira e ser um artesão como ele. Racar foi um mestre não só na
vida, mas também na arte.
Serviço
Exposição Racar
Local: Centro Cultural do Cariri
Sérvulo Esmeraldo, no Crato. (Av.Joaquim Pinheiro Bezerra de Menezes, 1,
Gizélia Pinheiro)
Dias: Quintas e Sextas, das 15h às 20h/ Sábados
e domingos,
das 12h às 20h