Em entrevista exclusiva à
RECORD, o ex-presidente Jair Bolsonaro criticou as duas últimas ações da
Polícia Federal contra ele e seus filhos, negou ter tentado dar um golpe de
Estado e comentou sobre a possibilidade de ser alvo de uma prisão. As declarações
foram exibidas na noite desta sexta-feira (9) dentro do Jornal da Record.
A Operação Tempus Veritatis,
deflagrada nesta quinta-feira (8), investiga a suposta organização de um golpe
de Estado em 2022 em prol do candidato derrotado e ex-presidente Jair
Bolsonaro, com a participação de ex-assessores, militares e do presidente do
PL, Valdemar Costa Neto.
“Foi a segunda em
poucos dias. A primeira foi um cinema até pelo que foi vazado pela Polícia
Federal, como se eu tivesse fugido de barco, que havia encontrado um laptop da
Abin na casa do meu filho e é desmentido algumas horas depois. A segunda
operação da PF, vieram buscar o meu telefone, o meu passaporte e foi entregue,
além de um assessor do PL. O mais importante na segunda operação é que acharam
uma minuta de golpe. Um presidente não decreta estado de sítio. Primeiro ele
ouve os conselhos da República e Defesa. E nesse conselho tem que estar
presente, o presidente da Câmara, do Senado e depois ele encaminha para o
Congresso aquela minuta solicitando a instalação do Estado de Sítio. Aqueles
papéis eram peças de um processo, nada de novidade ali. Eu fui acusado de ser
didator desde quando assumi em 2019”, afirmou.
Possibilidade de prisão
Ao ser perguntado se teme ser
preso, o ex-presidente afirmou que qualquer pessoa pode ser presa porque,
segundo ele, não existe Estado Democrático de Direito no país, e completou
declarando que até o momento nada de concreto foi encontrado contra ele.
“Até
você pode ser preso hoje em dia. Não existe mais Estado Democrático de Direito
no Brasil. O meu processo não poderia estar no Supremo, isso é primeira
instância eu não tenho foro privilegiado mais. Onde o Lula foi julgado no caso
do Mensalão? Lá em Curitiba. E porque que para mim tem que ser diferente? Está
na mão de um grupo menor de pessoas, parece que o prazer deles é me ver numa
pior um dia, agora me reviram botam de cabeça pra baixo e não sai nada ali”,
concluiu.
Vídeo de reunião ministerial
Peça-chave da operação da
Polícia Federal que teve como alvo o ex-presidente Jair Bolsonaro, a reunião
ministerial realizada em 5 de julho de 2022, próximo às eleições presidenciais,
teve como intuito exigir um alinhamento de todos os líderes das pastas do
Executivo para garantir uma ação antes do resultado das urnas. “Sabemos que se
a gente reagir depois das eleições vai ter um caos no Brasil, vai virar uma
grande guerrilha, uma fogueira”. A reportagem teve acesso a mais de uma hora de
gravação do encontro em que Bolsonaro se exalta por diversas vezes, com
ofensas, reclamações e palavrões.
Para o ministro Alexandre de
Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que autorizou a operação, o
ex-presidente exigiu que os ministros “em total desvio de finalidade das
funções do cargo, deveriam promover e replicar, em cada uma de suas respectivas
áreas, todas as desinformações e notícias fraudulentas quanto à lisura do
sistema de votação, com uso da estrutura do Estado brasileiro para fins
ilícitos e dissociados do interesse público”.
Operação Tempus Veritatis
A Polícia Federal cumpriu 33
mandados de busca e apreensão e 4 de prisão preventiva em nove estados e no
Distrito Federal nessa quinta-feira (8). A Operação Tempus Veritatis investiga
a suposta organização de um golpe de Estado em 2022 em prol do candidato
derrotado e ex-presidente Jair Bolsonaro, com a participação de ex-assessores,
militares e do presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
(R7.com)