Imaculada Araújo, 62, realizou consulta anual de rotina no mês de outubro e encontrou um ambiente decorado, com ações educativas ligadas à prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer de mama em vários espaços do Instituto de Prevenção do Câncer do Ceará (IPC). Engana-se, porém, quem acha que a ênfase no tema se restringe ao mês cor-de-rosa. Com o lema “Outubro Rosa é o ano todo”, a campanha deste ano na unidade da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa) estenderá ações para outros meses.
O principal incremento ocorre na oferta de exames de mamografia. “Antes, a rotina era de 40 exames por dia. Por ocasião do Outubro Rosa, elevamos esse número para 50, mas não vamos baixar mais”, descreve a ginecologista Christina Benevides, diretora-geral do IPC. “É uma medida que surge incentivada pela campanha e será abraçada à rotina da unidade. Se antes tínhamos uma oferta mensal de 800, passamos agora ao número de mil exames de mamografia por mês”, enfatiza a médica.
O exame possibilita a identificação precoce de alterações nas mamas, como calcificações, nódulos e tumores. “Essas alterações podem ser benignas ou malignas, daí a importância de investigar”, complementa Christina.
Para a detecção precoce do câncer de mama, o Ministério da Saúde recomenda exames clínicos regulares a partir dos 40 anos e o exame de mamografia a partir dos 50 anos. Estudos mostram que as chances de cura chegam a cerca de 95% quando um tumor é identificado em fase inicial.
Esmaltação e escuta qualificada
Além da expansão do número de exames de mamografia, outras ações chamam atenção e também prometem entrar no calendário do IPC com mais frequência. Na “esmaltação educativa”, colaboradores da unidade convidam pacientes em espera de atendimento a pintar as unhas com as cores da campanha Outubro Rosa. Iniciativa do setor de Serviço Social, a atividade ocorreu pela primeira vez em março deste ano, na campanha Março Lilás, de conscientização e combate ao câncer de colo de útero, e se repetiu neste mês de outubro, na campanha referente ao câncer de mama.
“O que, a um primeiro olhar, parece uma atividade lúdica voltada mais para a divulgação da campanha, na verdade se revela como uma importante oportunidade de escuta ativa e qualificada”, comenta a enfermeira Hosana Tabosa, chefe do Setor de Pacientes Externos do IPC.
A assistente social Eugênia Cialdine, coordenadora do Centro de Estudos do IPC, explica: “Enquanto as unhas são pintadas, a gente vai conversando, perguntando como que vai a prevenção, o tratamento, se está tudo direitinho, orienta aqui, orienta ali. É um momento de proximidade e de descontração, a informação chega de outro jeito, tem outro efeito”. Eugênia também enfatiza a importância do toque e do cuidado nas mãos: “conecta”.
A paciente Imaculada Araújo aprovou: “Tudo isso é muito importante, a forma como acolhe, a forma como atende, como direciona, como explica. Acabei de sair do consultório e já vim aqui aderir às cores da campanha. Informação e aconchego também fazem parte do tratamento”.
Prevenção e diagnóstico precoce
Além do diagnóstico precoce por meio de exames de imagem como a mamografia, outra tônica do Outubro Rosa é o incentivo à prevenção. No IPC, diversas ações de cunho educativo ressaltaram a importância da manutenção de um estilo de vida saudável para a redução das chances de manifestação do câncer de mama.
Em uma das atividades, pacientes em espera de atendimento tiveram a oportunidade de exercitar o corpo com a orientação de Jonathan Flexa, educador físico pela segunda vez voluntário em campanhas do IPC. Estudos indicam que praticar exercícios físicos, manter a alimentação e o peso equilibrado, evitar bebidas alcoólicas e não fumar são hábitos que ajudam a reduzir o risco de câncer de mama em até 40%.
A campanha do Outubro Rosa no IPC incluiu ainda palestras, atividades musicais, teatro de bonecos, oficinas de memória, sessões de auriculoterapia e rodas de conversa sobre prevenção e tratamento do câncer.
