Ricardo Brandt/SBT News |
A CPMI do 8 de Janeiro apresenta nesta terça-feira (17) o relatório final das investigações, que vai pedir o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de alguns de seus homens de confiança, como o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, o ex-ministro Anderson Torres, o ex-superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques, e militares de alta patente das Forças Armadas e também da Polícia Militar do Distrito Federal.
Todos serão apontados como responsáveis por crimes como atentado violento ao estado de Direito, tentativa de golpe de estado, danos ao patrimônio público, fraudes, peculato, entre outros. A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do 8 de Janeiro foi aberta em 25 de maio.
Com clima de palanque eleitoral e guerra de narrativas entre a base governista de Lula e a oposição bolsonarista, a sessão de apresentação do relatório final da CPMI começa às 9h, desta terça, pelo presidente, o deputado Arthur Maia (União-BA). Mas desde as primeiras horas da manhã, parlamentares, assessores e jornalistas devem lotar o plenário, para as inscrições de falas e para a cobertura do fim da comissão.
Apesar de não ter a delação premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro no Planalto, para usar no documento, dados sobre a "minuta do golpe", as mensagens com militares da reserva golpistas e as joias ganhas pelo ex-presidente farão parte do relatório final. Há provas levantadas, como as mensagens do celular dos militares, após a derrota de Bolsonaro, no segundo turno das eleições, em 2022.
A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPMI, vai protocolar o documento de quase 1 mil páginas, logo cedo, e em seguida abre a sessão com a leitura de suas conclusões e com os pedidos de encaminhamento, por volta das 9h. Ela não tem prazo para suas falas.
Na sequência, o deputado Alexandre Ramagem (PL-SP), ou outro parlamentar da oposição, fará a leitura do "voto em separado" preparado pelos aliados de Bolsonaro, contrapondo a tese da relatora -- que é alinhada à base do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O "relatório paralelo", como é chamado informalmente, tem que ser apresentado em uma hora. O documento tem cerca de 500 páginas
O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) também fez o seu próprio relatório, em nome do partido. O documento foi protocolado na 6ª feira (13.out), tem mais de 2 mil páginas e não será lido durante a sessão. Nele, o parlamentar pede o indiciamento do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, por omissão. As mensagens e documentos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) embasam a tese da minoria oposicionista.
O documento final da CPMI é encaminhado para o Ministério Público Federal, junto com as provas reunidas, com pedido de abertura de processos para futura denúncia criminal. A relatora também pode encaminhar outros pedidos e ainda fazer propostas.
Com base nesse acervo de provas, que inclui ainda relatórios de inteligência da Abin, do Coaf, das polícias, das Forças Armadas, o relatório final oficial e os relatórios paralelos feitos pela oposição contarão histórias diferentes sobre o mesmo fato.
O documento final da relatora deve ser aprovado. A base de Lula tem maioria na CPMI e convocou a todos para comparecer nesta terça, para evitar riscos.
Veja quais atos a CPMI governista aponta como conexos:
30.out.22 - As ações da PRF de blitze em ônibus no segundo turno das eleições;
30.out.22 - Os bloqueios de rodovias em todo país, depois da derrota nas urnas para Lula;
01.nov22 - Formação e manutenção dos acampamentos na frente dos quartéis do Exército;
08.dez.22 - A tentativa de invasão ao hotel em que Lula estava hospedado em Brasília, no dia da diplomação presidencial;
12.dez.22 - A tentativa de invasão à sede da PF e atos de vandalismo e depredação, em Brasília, após prisão do índio Tsererê Xavante;
24.dez.22 - A tentativa de atentado a bomba em um caminhão-tanque, nos arredores do aeroporto de Brasília;
08.jan.23 - As invasões e depredações do 8 de Janeiro, no Planalto, Congresso e STF.
A senadora deve apontar as conexões entre os fatos, as responsabilidades dos financiadores, dos incitadores, dos omissos e dos líderes, e vai ainda dar um recado para golpistas.
(SBT News)