O município de Santa Quitéria, distante 220 quilômetros de Fortaleza e com cerca de 40 mil habitantes, passou a figurar no cenário nacional e internacional nos anos 1970, com uma grande campanha de sondagens, promovida pela Nuclebras, na região.
Já em 2009, voltou aos noticiários com a formação do Consórcio Santa Quitéria, após licitação vencida pela empresa Galvani Fertilizantes – em que as Indústrias Nucleares do Brasil (INB) concediam à iniciativa privada a oportunidade de extrair o rico depósito de fosfato ali identificado. A parceria tem com o objetivo implantar um complexo mínero-industrial para a produção de fosfato e concentrado de urânio na Jazida de Itataia.
Minhas raízes familiares tem relação com a origem de Santa Quitéria. Meu avô, Deputado Estadual, mantinha forte representação junto ao município e, inclusive, foi responsável por viabilizar a construção do Açude Edson Queiroz, cuja capacidade hídrica possibilitou o abastecimento de água para a população e para o projeto. Por quatro mandatos, meu pai foi prefeito do município e trabalhou por seu desenvolvimento, dando visibilidade àquela riqueza que ficara esquecida no subsolo cearense. Visionário, já identificava na expansão da agricultura brasileira uma oportunidade para a concretização desse projeto, pela necessidade de fosfato para a produção de fertilizantes.
A mineração veio nesse contexto, demonstrando o potencial do sertão para gerar alimentos. Já no cenário atual, em que presenciamos a consolidação do Brasil como grande produtor de alimentos, a necessidade de diminuir a dependência por fertilizantes importados da Rússia, coloca, novamente, Santa Quitéria em local de destaque.
O Projeto Santa Quitéria, trará um aporte de recursos da ordem de R$ 2,3 bilhões e irá posicionar o Ceará, e o Brasil, como um dos principais produtores de fertilizantes fosfatados do mundo, com uma produção anual de 1,05 milhão de tonelada e 220 mil toneladas de fosfato bicálcico, significando 99,8 % do minério produzido no empreendimento -, e fundamentais para a agricultura e pecuária das regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Na fase de construção, o projeto irá criar cerca de 2,8 mil empregos diretos e, na operação, serão mais de 500 empregos diretos e 2,3 mil indiretos.
Para além de orgulho de ver o crescimento da minha terra, estou cada vez mais presente e atuante para fazer de projetos cearenses exemplos para o todo o país. É imperioso acompanhar de perto questões de segurança e preservação do meio-ambiente e, mais ainda, como estes benefícios irão promover o futuro que tanto esperamos e merecemos para Santa Quitéria, para o Ceará e para o Brasil.
(Por Tomás de Paula Filho)
Tomás de Paula Pessoa Filho é advogado, especialista em Direito Empresarial, com LLM em Direito Corporativo pelo IBMEC, e especialista em Administração Empresa, com MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria. Possui certificação em Regulação pela Florence School of Regulation e é Conselheiro de Administração certificado pela Fundação Dom Cabral. Atuou como diretor da ANM (Agência Nacional de Mineração) onde compôs a sua 1ª Diretoria Colegiada, tendo trabalhado na sua implantação, em especial na estruturação da sua área regulatória. Na ANM, ainda exerceu o cargo de Diretor-Geral Substituto, cargo confiado pelo seus pares no colegiado.