Após o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, pedir abertura de processo de expulsão do deputado Yury do Paredão da legenda, o correligionário Carlos Jordy (RJ) solicitou que Valdemar mantivesse o deputado no partido. Segundo Jordy, a intenção não revelada de Yury é de deixar a sigla.
"Presidente, você estará fazendo o que ele quer. Ele quer ser expulso para poder levar o mandato dele. A melhor alternativa seria deixá-lo no sal: sem comissões, sem fundo e sem diretórios. Um morto-vivo no PL. E, se ele tentar sair do partido, perderá o mandato. Avalie!", escreveu Jordy, que é líder da oposição na Câmara.
A nova crise começou após Yury publicar uma foto em suas redes sociais fazendo um “L” com as mãos, na última quinta-feira, 13, durante o lançamento do novo sistema de bombas da transposição do Rio São Francisco (PE). Na imagem, é possível ver o deputado bolsonarista ao lado de membros do governo Lula (PT), como Paulo Pimenta, ministro da Comunicação Social e Waldez Góes, ministro do Desenvolvimento Regional.
Ainda que Yury seja expulso do partido, manterá a função como deputado e poderá migrar para outra sigla. Caso seja realizada a expulsão, o deputado perderia apenas a capacidade de integrar as comissões que o PL indicou. Ele é titular na Comissão de Turismo e na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos esquemas de pirâmide, e suplente da Comissão de Finanças e Tributação.
Esta não é a primeira vez que Yury do Paredão dialoga pacificamente com a gestão petista. No começo deste ano, o deputado teceu elogios à atual gestão estadual e se aliou a petistas no Ceará. O clima de tensão se instaurou no PL em maio, quando o deputado publicou uma foto ao lado de Lula e do ministro da Educação, Camilo Santana.
No mesmo período, o deputado federal André Fernandes (PL-CE) utilizou as redes sociais para criticar, ainda que indiretamente, a conduta de Yury. "Deputado do PL que posa ao lado do maior ladrão da história do Brasil em foto tem que ser expulso imediatamente do partido. Quem tem 'honra' em receber Lula, não tem honra para permanecer no nosso partido", escreveu Fernandes.
Mesmo após o episódio, Valdemar Costa decidiu manter o deputado no partido, contudo, Yury continuou com os acenos ao governo. A Medida Provisória (MP) dos Ministérios contou com o voto favorável do deputado bolsonarista, indo contra a orientação do partido.
Parlamentares do PL avaliam que deputados como Yury do Paredão prejudicam o partido e que o presidente da legenda não está sabendo conduzir a maior bancada na Câmara.
Durante a votação da reforma tributária, um em cada cinco deputados votou a favor da pauta, que teve a oposição tanto do PL quanto de Bolsonaro. Yury se absteve da votação porque pediu licença por quatro meses para tratar de "assuntos pessoais". No lugar do deputado, assumiu a vereadora por Fortaleza, Priscila Costa, bolsonarista de carteirinha e que tem a pauta antiaborto como uma de suas prioridades.
(Luíza Vieira/O Povo)