O Ministério Público do Ceará (MP-CE) apresentou uma denúncia contra o ex-jogador do Crato, Leone Barros Costa Júnior, e o ex-dirigente do clube, Lúcio Barão. Os dois citados são alvos da Operação Aposta Certa por suposta manipulação de resultados em jogos dos Campeonatos Cearenses e Copa Fares Lopes que ocorreram entre os anos de 2020 e 2022.
O documento da denúncia cita reportagens publicadas em 2022 que citam áudios de suposta manipulação de resultado nos torneios locais e também a investigação feita pela empresa SportRadar em parceria com a Federação Cearense de Futebol (FCF).
A partir dessas e outras provas obtidas, o MPCE passou a dar atenção ao caso em conjunto com o Núcleo de Investigação Criminal (Nuinc). O principal foco da investigação está na ligação entre manipulação de resultados e correlação com mercado de apostas esportivas.
A partida alvo de investigação foi válida pela 4ª rodada do Campeonato Cearense, entre Caucaia e Crato, que ocorreu no estádio João Ronaldo, na cidade de Pacajus (CE). Conforme documento, um áudio de diálogo que supostamente ocorria entre atletas relatava a promessa de uma recompensa de R$ 4 mil caso ocorresse um pênalti, com um placar específico na primeira etapa e outro ao final de toda a partida. Conforme súmula, o pênalti ocorreu na primeira etapa e a partida foi finalizada com o placar de 3 a 1, como havia sido solicitado de acordo com o áudio.
Há, no entanto, em provas do MP-CE, a evidência por meio de outros áudios que o dirigente supostamente havia sofrido um prejuízo de R$ 18 mil pelo placar do primeiro tempo, por uma aposta de derrota do time visitante com dois gols ainda na primeira etapa. Um dos participantes do esquema narra em tal áudio que houve um ruído de comunicação entre o dirigente e os atletas quanto a este fato, por isso o tal prejuízo.
Neste mesmo áudio, o portador da mensagem cita que tentou deixar "os caras fazer gol (sic)", ao saber durante parada técnica que o placar deveria ser de uma derrota com dois gols para o adversário, mas que tal ato não foi eficiente. A partir dessa citação, o órgão passou então a focar a investigação nos defensores do Crato titulares naquela partida e logo a informação de que um deles estava envolvido foi corroborada por várias testemunhas, apontando o atleta Leone como suposto autor dos áudios.
Caso sejam condenados por corrupção esportiva, o atleta Leone e o dirigente Barão podem pegar de 2 a 6 anos de reclusão e multa. O jogador foi denunciado por corrupção passiva, enquanto o dirigente foi denunciado por corrupção ativa.
Resposta dos acusados
Tanto Leone quanto Barão já foram interrogados, no decorrer da investigação, pelo Ministério Público. Jogador e dirigente negam participação em qualquer esquema de manipulação de resultados.
Em depoimento, o dirigente confirmou atuação ativa no clube. Houve, no entanto, contradição entre as partes quanto ao recebimento de premiações por vitórias, também conhecidas como "bicho". O jogador, ao ser interrogado, contradisse o posicionamento de Barão quanto ao pagamento de salários e atuação ativa no time.
Relação de Lúcio Barão com o clube
O documento frisa a ligação de Lúcio Barão com a equipe do Crato e relembra uma postagem feita pelo clube quando, à época, anunciou o dirigente como "Diretor Executivo de futebol". Após o vazamento dos áudios, o MP-CE aponta que o clube acabou por excluir a postagem de suas redes sociais.
Relação entre Lúcio Barão e o atleta Leone
A denúncia apresentada pelo MP-CE também traz como prova a relação entre o atleta Leone e o dirigente Lúcio Barão. O documento apresenta o currículo do atleta e compara as passagens por Barbalha e Crato nos mesmos anos em que Lúcio Barão esteve em tais clubes. Até mesmo o ato de "seguir" em rede social é citado como evidência da ligação entre os dois.
(O Povo)