Pesquisadores da Universidade Regional do Cariri (URCA), e professores visitantes, anunciaram ontem (quinta-feira, 23), a espécie inédita do Dubiostenopus parvus, denominado camarão palhaço. A espécie faz parte de um grupo que atualmente é composto por menos de 100 espécies viventes e que geralmente estão escondidos entre as rochas e alguns ainda podem viver em associação com outros animais. Essa é a primeira espécie fóssil do grupo descrita para a América do Sul e apenas a quinta em todo o mundo.
A descoberta chamou a atenção dos pesquisadores pelas peculiaridades do crustáceo, de apenas 1cm. A apresentação foi realizada inicialmente pela pesquisadora Damares Ribeiro, que destacou os indícios da região da Bacia do Araripe ter sido mar, pelos registros fósseis encontrados. Segundo ela, de fato o mar chegou até aqui e deu condições para que espécies pudessem viver na região, pelas fortes ocorrências já registradas.
Participaram das pesquisas e elaboração do artigo os pesquisadores Damares Ribeiro, Álamo Feitosa, Allysson Pinheiro, William Santana, Daniel Lima, Gustavo Ribeiro, incluindo o Departamento de Biologia da URCA, Departamento de Geologia, Programa de Pós-Graduação em Geociências (PPGEOC) da Universidade Federal do Pernambuco (UFPE), Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens.
Salvaguarda
O material, segundo o professor Allysson Pinheiro, diretor do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, em Santana do Cariri, será direcionado para exposições no próprio equipamento, e já está inclusive tombado como um bem específico do museu. “A exposição irá acontecer nos próximos dias, em que há um interesse da comunidade científica e da população que visita o museu de conhecer a nova descoberta. Depois ficará mais resguardado, por ser uma peça rara, e terá os cuidados equivalentes. Apenas em eventos mais específicos, deverá ser apresentado”, explica.
Segundo o professor Allysson, é muito significativo ter as constantes descobertas dos extratos fósseis da região, e acima de tudo o investimento do Governo do Estado e a qualidade dos pesquisadores que estão na região, proporcionando esse trabalho, a exemplo da pesquisadora Damares Ribeiro, egressa do curso de Biologia da URCA.
A espécie, da formação Romualdo, vem do Município de Trindade, no Pernambuco, de uma área de mineração. Segundo Damares, é importante destacar as coletas realizadas pelos próprios pesquisadores, evidenciando que através desse trabalho os fósseis estão sendo salvaguardados.
Para o pesquisador Daniel Lima, o nome de camarão palhaço faz parte de um grupo maior dessa espécie, e tem toda uma coloração diferenciada. Conforme o professor visitante, é um grupo que tem uma importância paleontológica e por isso a relevância do achado.