sábado, 27 de agosto de 2022

Após fim da primeira fase, Banco Central ainda contabiliza R$ 3 bi que não foram resgatados em valores esquecidos

 


Quatro meses após o fim da primeira fase do Sistema Valores a Receber, elaborado pelo Banco Central (BC), a segunda etapa do programa, que estava prevista para começar em 2 de maio, ainda segue sem data marcada. Um dos fatores que dificultou a realização da nova fase foi a greve dos servidores do banco, que terminou no mês passado. Em resposta ao Correio, o BC informou que “o cronograma e as informações da nova etapa do SVR serão divulgados oportunamente, com a devida antecedência”.

A primeira fase do sistema começou em 14 de fevereiro deste ano e durou dois meses. Ela foi dividida em etapas, de acordo com a idade do cidadão ou da empresa possuidora do dinheiro esquecido. No entanto, a campanha não teve o efeito desejado pelo BC, e apenas 8,2% dos R$ 3,9 bilhões disponibilizados foram retirados do banco. Ao todo, 3,6 milhões de pessoas e 19 mil empresas resgataram o valor durante a primeira etapa.

A maioria dos beneficiários, no entanto se decepcionou com os resultados, já que as quantias disponíveis, quando existiam, eram pequenas. O vigilante Idalécio Alves, de 45 anos, foi uma das pessoas que conseguiu retirar o dinheiro esquecido que possuía. Ele procurou saber se tinha direito a alguma quantia de dois bancos de que era cliente. Só que, ao consultar o site do BC, Idalécio viu que podia retirar apenas R$ 0,60. “Estava esperando um valor maior. Mas, então, só pedi para eles me darem o dinheiro, mesmo”, explicou o vigilante.

O exemplo de Idalécio é apenas um entre os 13,8 milhões de brasileiros que possuem, ou possuíam, menos de R$ 1 nas contas esquecidas no Banco Central. A aposentada Sônia Britto, 61, disse que muitas pessoas próximas resolveram até não retirar o valor, por ser considerado “irrisório”. “Tanto que virou até uma piada. Você chegava para ver o quanto tinha e apareciam só centavos”, disse.

Em contrapartida, o BC fez um levantamento indicando que 1.318 brasileiros tinham R$ 100 mil ou mais em dinheiro esquecido. Um dos maiores valores era de R$ 1,65 milhão. De acordo com o banco, a pessoa tinha várias cotas de consórcio que se extinguiram, e não verificou como os grupos foram encerrados.

Para o ex-diretor do Banco Central Carlos Tadeu de Freitas, um dos motivos da baixa adesão, além dos valores pequenos, foi a falta de informação sobre o sistema. “Acredito que o pouco sucesso da primeira etapa venha da falta de informação para as pessoas. Mesmo com acesso a internet, é precário o conhecimento da maioria da população acerca desse tipo de serviço”, avalia.

(*) Com informalizes Correio Braziliense

Últimas notícias