Suspeitos de serem funcionários fantasmas, cinco ex-assessores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), quando deputado federal, receberam R$ 165 mil somente em auxílios pagos pela Câmara dos Deputados. Investigados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, esses funcionários tiveram o sigilo bancário quebrado na investigação contra o senador e ex-deputado estadual Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho mais velho do presidente.
A informação foi revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo com base em dados obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI). Os dados apontam também indícios da prática de “rachadinha” no gabinete do presidente.
Os valores equivalentes aos auxílios eram os únicos que permaneciam nas contas dos assessores. O restante depositado pela Câmara era sacado em caixas eletrônicos. A prática é considerada indício da “rachadinha”, a devolução dos salários para o político que os nomeou.
Flávio Bolsonaro já foi denunciado pelo Ministério Público por peculato, lavagem de dinheiro, organização criminosa e apropriação indébita pela “rachadinha” em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Ao quebrar o sigilo dos cinco ex-assessores, no período de 2007 a 2018, a investigação mostrou que os desvios teriam ocorrido quando eles trabalhavam para Bolsonaro. A família do presidente mantinha o hábito de trocar funcionários entre si. Um dos assessores ainda foi nomeado no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).
Em março, uma reportagem do portal UOL mostrou que Fernando Nascimento Pessoa, Nelson Alves Rabello, Jaci dos Santos e Daniel Medeiros da Silva sacaram 72% do que receberam do gabinete de Bolsonaro. Já Nathália Queiroz transferiu 65% para o pai, o suposto operador do esquema de Flávio, Fabrício Queiroz.
Enquanto recebiam como funcionários, esses profissionais tinham outras profissões como cabeleireira, veterinário, babá e personal trainer, como é o caso de Nathalia Queiroz. Juntos, um total de 39 funcionários receberam um total de 16,7 milhões em salários brutos (o equivalente a R$ 29,5 milhões em valores corrigidos pela inflação do período) durante o período em que trabalharam com a família.
(Estadão)