A reunião da Executiva Estadual do Partido dos Trabalhadores (PT), nesta quarta-feira, 30, acatou por 13 votos a 3 o recurso de uma ala do partido que defende que a legenda se posicione na base do novo prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT).
Na prática, a definição se sobrepõe ao que ficou determinado nessa terça-feira, 29, na instância municipal do PT, de que os três vereadores do partido — Guilherme Sampaio, Ronivaldo Maia e Larissa Gaspar — fariam oposição à gestão pedetista.
Na apelação feita à Executiva Estadual, a argumentação assinada pelos deputados federais José Guimarães, José Airton, além dos estaduais Acrísio Sena, Fernando Santana e Moisés Braz, dentre outros militantes, foi de que a decisão do PT de Fortaleza foi "afrontosa ao diálogo democrático com as diversas vozes que compõem o PT."
Eles destacam, inclusive: "O PT não tem dono! Deve expressar a primazia de sua diversidade e a democracia interna."
Vice-presidente do PT de Fortaleza e simpática à tese de que o partido se poste ao lado de Sarto, Liliane Araújo afirma que o mérito da discussão (se base ou oposição) não foi objeto de discussão na reunião. "Mas sim de retomar os diálogos. Como ainda não houve tempo hábil de conversar com todas as forças, nossa aprovação é nesse sentido", ela afirma.
O POVO procurou e aguarda resposta de Guilherme Sampaio, vereador e presidente do PT de Fortaleza, sobre o resultado da reunião. Antes do encontro, porém, ele já havia dito por meio de áudio que o partido deliberou por exercer "oposição qualificada, pela esquerda e propositiva na Câmara Municipal de Fortaleza depois de vários diálogos com as forças políticas que compõem a nossa direção."
A fala dele rechaça a tese de que não houve diálogo com as diversas correntes do partido, como expressado na nota que anunciou a entrada do recurso. Ele ainda faz o adendo: "Nós chegamos, inclusive, a adiar duas vezes a reunião do diretório que trataria desse assunto, exatamente para analisarmos todas as nuances dessa decisão com a maior profundidade, com todo zelo, com o esforço que tenho conduzido o PT."
Ainda segundo Sampaio, a oposição a Sarto é o "sentimento da maioria da militância do PT", além de ser o que espera o eleitor que votou na chapa de vereadores e na ex-candidata Luizianne Lins (PT), adversário ferrenha do grupo de Sarto, liderado por Cid e Ciro Gomes, do qual se queixa pelas críticas recebidas durante a disputa à Prefeitura de Fortaleza em primeiro turno.
Outro argumento da nota que em prol da adesão ao pedetismo é de que é necessária a união dos partidos de esquerda contra projeto do presidente Bolsonaro e dos bolsonaristas locais. Sobre isso, Sampaio considera que a oposição que pretende desempenhar não anularia a capacidade de dialogar com a administração municipal e com os partidos de centro-esquerda da base de Sarto (PDT, PSB, PC do B por exemplo) sempre que necessário fazer enfrentamento às pautas conservadoras.
O presidente cogita, até mesmo, recorrer à esfera nacional do PT no caso de ser mantida o que considera ser uma intervenção indevida.
O POVO solicitou novo contato com Sampaio por meio da assessoria. O dirigente municipal afirmou que só irá se manifestar após ser notificado oficialmente ou após declaração oficial. Procurado por meio do telefone, o presidente do PT no Ceará, Antonio Alves Filho, o Conin, não atendeu às ligações.
(Carlos Holanda/O Povo)