Vaqueiro conhecido como Sandro, o “TS”, que atua como liderança nas localidades de Veneza, Viração e Santa Luzia, distrito de Marrecas, confessa negociação em troca de apoio político, em linha direta com o prefeito de Tauá, Fred Rêgo. O pagamento da conta, com mão-de obra e aluguel de máquinas para perfuração de poços, segundo ele, sempre foi acertado e cumprido pelo amigo Fred, que o acompanha em vaquejadas e na boemia.
O repórter da TV Sinal de Tauá - Canal 40, Eurico Rodrigues, acompanhou a perfuração de poço em Santa Luzia 2, na manhã e início da tarde deste domingo, 25. Ele entrevistou o vaqueiro e cabo eleitoral de Fred Rêgo. Hoje, a relevação obtida pela reportagem será apresentada, oficialmente, na forma de denúncia, ao Ministério Público Eleitoral de Tauá.
Sandro, o “TS” comemora a vazão do poço de 80 metros de profundidade, que estima ser de 15 a 20 mil litros, por hora, dá detalhes do acordo eleitoral e da sua amizade com o prefeito, além de anunciar churrasco para comemorar a obra.
Repórter: "A gente observa muita água na perfuração aqui do poço da Santa Luzia. Já, nós vamos ouvir a comunidade."
Repórter: "Estamos, aqui, na comunidade de Santa Luzia 2. E, aqui, a alegria é grande da comunidade, porqur o poço que foi perfurado, nesta manhã, início de tarde, é ... jorrando muita água. Cidadão venha aqui, por favor. É, este poço profundo foi adquirido através de quem?"
Sandro, o “TS": “Aqui, foi tudo através de mim. Através de mim, que eu moro nessa comunidade, aqui, que a terra é do pessoal da minha família. E eu prometi eles que, antes deu morrer, nós ainda furava um poço profundo aqui, pra eles num ter dificuldade d'água. Porque a água, aqui, é R$ 300 um pipa d'água, só pra vir deixar aqui. E eu disse a eles que no dia que eu ganhasse um dinheiro, na hora que eu ganhasse esse dinheiro, eu vinha diretamente pra furar esse poço, aqui, porque tudo é minha família, da família da minha esposa, mora tudo dentro dessa comunidade. Hoje, eu tô feliz da vida, ói, por eu ter furado esse poço. Trouxe essas máquinas de Tauá, que eu não conheço nem os pessoal, aí, dessas máquinas. Trouxe, ajeitei com eles pra furar esse poço aqui e, ói, graças a Deus, porque, aí, é poço pra quinze, vinte mil litros, por hora. E quem marcou ele foi eu. Eu é quem marco. E quando eu marco, só Deus do céu sabe o quê que ele faz. Porque ninguém adivinha onde é que tem água, porque, se você adivinhasse onde tem água debaixo do chão, você ganhava na loteria. Você jogava na loteria e ganhava. A gente marca as fendas d'água. Quem me ensinou foi um profissional. O que nós já furemos. A gente marca as fendas d'água. Pode ser cheia, pode ser seca. Mas as minhas, até hoje, graças a Deus, de mais de quatrocentos poços que eu vou furando, até hoje, nunca deu errado.Tudo deu água. O maior poço, de profundidade maior, que nós já furemos até agora, exatamente, foi esse daqui de 80 metros. Ele tá dando quinze, vinte mil litros, por hora. A gente tá botando o mínimo, o mínimo, porque não foi medido ainda. Mas, é quinze, vinte mil litros, por hora."
"Como é o nome do senhor?"
"O meu é o 'TS', conhecido. Mas, eu sou o Sandro, Sandro. Moro em frente a Rádio Cultura, em Tauá. Tenho minha chácara na fazenda, bem aqui, na Fazenda Barra, eu tenho uma chácara, aqui, na Fazenda Barra. E tenho minha casa em frente a Rádio Cultura. Aquela casa em frente a Rádio Cultura. Eu sou esposa da Sandra costureira, em frente a Rádio Cultura. E, olha, toda essa comunidade todinha, aqui, toda é da família dela. Santa Luzia, Veneza, Viração, aqui, tudo é a família. Aqui, é uma família só. Aqui, não é o primeiro ou segundo poço que eu tô furando, não. Já tá com o terceiro poço que eu furo, dentro dessa comunidade, aqui. Todos deu voto. Eu furei um na comunidade lá de Viração, logo ali, na entrada, a cinco quilômetros da sede, deu água à vontade, tá lá todo mundo feliz da vida, porque, olha, furava cacimba no rio pra beber água. A água lá é água boa, água de beber. A água do poço lá é água de beber. Eles furavam cacimba no rio pra beber. Furava cacimba no rio pra arrecadar uma aguazinha e botar numa cochinha de pneu, pra dar pros bicho beber. E, hoje, graças a Deus, oi. Deus é quem sabe onde tem água e onde não tem. Nós marca porque Deus dá aquela noção. E, graças Deus, tá todo mundo feliz, dentro da comunidade. Por que é que eu, hoje, tenho prestígio, dentro da minha comunidade, junto da minha família e da família da minha mulher? Por que? Porque eu faço benefício. Eu não vou chegar em casa em casa, chegando dando gorjeta a um, gorjeta a outro não. Viu fazer um benefício que serve pra comunidade toda. Pra ficar pelo resto da vida. Isso é que nós queremos, dentro da comunidade.
"Ô, TS, me diga uma coisa, só pra gente concluir. Você é o Sandro, né?
"Sou. Sou o Sandro."
"Eu recebi uma informação de que, aqui, foi uma doação do prefeito de Tauá, Fred Rêgo, pra vocês, aqui, da comunidade. Você confirma isso?
"Confirmo. O prefeito entrou em contato comigo. Disse... Eu ia furar o poço, aqui. O prefeito entrou em contato comigo, pois isso é coisa que eu não podia nem falar. Eu não falo. Todos os vídeos meus eu apago, pra não ter prejudicação, pra não prejudicar o prefeito, prejudicar nenhum político. Certo? Aí, ele falou: 'TS, mande furar o poço, lá. Mande furar o poço, que eu ajeito com você.' Ele ficou certo de ajeitar comigo, tá entendendo? Pra gente conversar, como é que vai ficar, como é que não vai. Ai, isso é coisa que eu não boto em telefone, eu apago todos os vídeos, todos os ..., pra num ter prejudicação o prefeito, não ter nenhuma prejudicação a nenhum candidato. Mas, o prefeito Fred Rêgo, aqui, dentro dessa comunidade, aqui, olha, eu fecho, eu levanto o chapéu, eu tiro o chapéu, dentro dessa comunidade, olhe. De Veneza, Viração e Santa Luzia, eu tiro o chapéu pra Fred Rêgo. Porque uma ano e onze mês que ele tá, dentro dessa Prefeitura, aqui, ele já fez por quatro anos de todos os prefeitos que entrou aqui, menos Carlos Castelo. Menos na época de Carlos Castelo, porque eu trabalhei, aqui, nessa campanha política. Eu tenho 56 anos que eu trabalho dentro de campanha política. Olha, o único prefeito, dentro de Tauá, aqui, que, hoje, tem 1.600 famílias acumuladas, debaixo de um teto, que botou eles, lá, foi Carlos Castelo. Hoje, existe um bairro Colibri, que foi doado pelo Carlos Castelo. Existe, hoje, uma Bezerra de Sousa, foi doada pelo Carlos Castelo, eu sou testemunha disso. Existe Aldeota, foi doado por Carlos Castelo. Em todo município de Tauá, 114 município tem dentro do Tauá, aqui, eu conheço o município todo, todos os municípios, em cada colégio, tinha um chafariz montado, com um fuscão preto. Hoje, acabou-se tudo. Não faltava água pro povo, não faltava nada."
"Quer dizer que o prefeito mandou perfurar pra vocês?"
"Eu falei com ele, com Fred, ele disse, assim: 'TS...". Ele me conhece como TS, que eu corro em vaquejada, nós bebe cachaça junto, nós faz tudo. Ai, eu disse: 'Ói, Fred, eu...". Ele disse: "Pode ficar tranquilo". Porque eu não posso divulgar seu nome. Mas, se for uma equipe, pra divulgar seu nome, o pessoal do nosso lado, aqui, eu divulgo seu nome. Agora, se for outras pessoas eu não aceito filmar lá, de qualidade nenhuma, pode ser quem for e quem não for. Não vai filmar lá e eu não aceito filmar qualidade nenhuma. Quem tá pagando o poço sou eu, quem tá furando sou eu, as máquinas não é minha, mas eu tô pagando, e pronto. Mas, aqui, olha, foi tudo através sabe de quem? Do Fred. Tá com cinco minutos que eu falei com Fred, tá com cinco minutos que eu falei com Fred. Aqui, deu tudo certo, Fred. Tudo beleza. Tudo ok? Apaga os videos, apaga as conversas e acabou os problemas. E vamos seguir pra frente."
"E vamos comemorar, né?"
"E vamos comemorar. Aqui, nós vamos fazer um churrasco grande. Aqui, nós faz um churrasco grande. Aqui, nós num mata um bezerro, não. Nós mata um boi, mata dez carneiro, tá entendendo? Tem uns dois perus, tem uns cinco capote, galinha. Tudo nós mata, aqui, pra nós fazer um churrasco. Aqui, olha, vai ser um churrasco."
"Obrigado, TS!"
"E o Fred, prefeito, eu tô do seu lado, prefeito. Pode acreditar, que eu tô do seu lado. Não tem no mundo quem me vire. Ele pode me dar um milhão. Eu num viro. Que eu sou posição, toda vida, na minha vida, que eu cheguei aqui em Tauá. Olhe, tenho 56 anos, aqui, dentro de Tauá. Eu nunca virei. Eu sou oposição toda vida. Aquele grupo infeliz, ali, eu não voto. Aqueles outros grupos infeliz, que vem pra um lado e pro outro, eu não voto de jeito nenhum. O meu lado, aqui, é posição. Eu não tem pra onde eu virar, não, que eu não sou tapioca, não. Eu não viro, não."