domingo, 3 de maio de 2020
Moro depõe por mais de 6 horas à PF e apresenta novas provas contra Bolsonaro
O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro prestou depoimento na sede da Polícia Federal em Curitiba (PR) neste sábado (2). Moro voltou a morar na capital paranaense depois que saiu do cargo no governo federal. Foram mais de oito horas de depoimento.
De acordo com a colunista Bela Megale, do jornal O Globo, Moro reforçou acusações e encaminhou provas novas contra o presidente Jair Bolsonaro em relação à acusação de intervenção na Polícia Federal.
Além das mensagens que já mostrou ao programa “Jornal Nacional”, da TV Globo, o ex-juiz apresentou novas provas envolvendo o presidente.
Moro chegou na sede da Superintendência da Polícia Federal de Curitiba por volta das 13 horas. Além dos membros da PF, três procuradores da República acompanham o depoimento. De acordo com informações da revista Época os procuradores são João Paulo Lordelo Guimarães Tavares, Antonio Morimoto e Hebert Reis Mesquita.
O ex-juiz foi acompanhado de seu advogado, Rodrigo Rios. Quem conduziu o inquérito foi a delegada Cristiane Corrêa, chefe do Serviço de Inquéritos Especiais (Sinq), que investiga pessoas com foro privilegiado.
Também participaram Igor Romário de Paula, diretor de Combate ao Crime Organizado (Dicor), e Érika Marena, que deixou o Departamento de Cooperação Internacional do Ministério da Justiça e voltou para a PF, atuando também no Sinq.
Manifestantes simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro se aglomeraram em frente a delegacia. Também, mas em menor número, compareceram apoiadores de Sergio Moro. De acordo com o jornal Estado de São Paulo eram menos de 100 pessoas em frente ao local.
Um apoiador de Bolsonaro protagonizou um vídeo de tumulto que circula nas redes sociais. Nas imagens é possível ver que ele tentou agredir fisicamente um cinegrafista da RIC TV, emissora afiliada da Record no Paraná.
O depoimento foi para prestar informações em inquérito que investiga as acusações feitas pelo ex-ministro contra o presidente Jair Bolsonaro. Ao sair do cargo no dia 24 de abril, Moro afirmou que Bolsonaro interferiu politicamente na Polícia Federal e tentou obter informações em inquéritos abertos nos Supremo Tribunal Federal (STF).
O pedido de depoimento foi feito pelo ministro do STF Celso de Mello, que relata o caso na Corte. A investigação foi aberta a pedido do procurador geral da República, Augusto Aras, e autorizada pelo Supremo.
O inquérito solicitado por Aras visa apurar tanto a conduta de Bolsonaro quanto se as acusações de Moro são verdadeiras. Se não forem, o ex-juiz terá de responder por denunciação caluniosa.
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Em entrevista à revista Veja, Moro classificou como “intimidatória” a requisição de abertura de inquérito que o coloca como possível responsável por calúnia e denunciação caluniosa.
A procuradoria disse, em nota, que a petição de inquérito “apenas narra fatos e se contém nos limites do exercício das prerrogativas do Ministério Público, sem potencial decisório para prender, conduzir coercitivamente, realizar busca e apreensão, atos típicos de juízes - e, só por isso, não tem caráter intimidatório”.