De acordo com pesquisa feita pelo Instituto Opnus para o Sistema Verdes Mares, a maioria dos cearenses aprova a forma como o governador Camilo Santana (PT) vem conduzindo as ações durante a pandemia do coronavírus.
Já a atuação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), sobre o mesmo assunto, é desaprovada pela maior parte dos entrevistados.
Segundo os dados da pesquisa, as medidas adotadas pelo Governo do Estado foram corretas para 90% dos entrevistados. Apenas 5% desaprovam. Outros 5% não sabem ou não responderam. Já as ações do Governo Federal têm apoio de 27% dos entrevistados, enquanto 59% desaprovam e 14% não sabem ou não responderam.
O Instituto entrevistou 800 pessoas, de todas as regiões do Estado, com mais de 18 anos. Atendendo às recomendações sanitárias, e tendo em vista a segurança da equipe e dos entrevistados, o levantamento foi realizado por telefone. A pesquisa possui intervalo de confiança de 95% e margem de erro é de 3,5%. Os dados foram obtidos entre os dias 24 e 26 de março deste ano.
Bares, feiras livres, escolas, restaurantes, lanchonetes, templos, igrejas, barracas de praia, shopping centers, museus, cinemas e academias foram fechados com base em decreto estadual de emergência no último dia 19 de março.
O levantamento, portanto, ocorreu após uma semana de validade das medidas de isolamento social, como um dos métodos de combate ao avanço do coronavírus. A medida assinada pelo governador autorizou o funcionamento apenas de serviços essenciais, como farmácias, hospitais, clínicas veterinárias e os de venda de gêneros alimentícios.
O maior índice de aprovação dele está entre as pessoas de 25 a 34 anos e de 45 a 59 anos, com 92% de aprovação. A amostra entrevistada com ensino superior é a que mais concorda com as ações do petista: 98%.
Desde que foi confirmado o primeiro caso de infecção no Ceará, no dia 15 deste mês, Camilo tem utilizado os meios de comunicação para anunciar medidas preventivas. Antes da confirmação dos primeiros casos, o governador anunciou a criação do Comitê Estadual de Enfrentamento à Pandemia do Coronavírus, com a presença de órgãos estaduais, para deliberar sobre o tema.
A alta aprovação do chefe do Executivo é explicada, segundo o cientista político e diretor do Instituto Opnus, Pedro Barbosa, pelo protagonismo e pelas medidas implementadas estarem de acordo com o desejo da população.
"Na aprovação das medidas, a imensa maioria da população é a favor das principais medidas que foram tomadas para o isolamento social, o fechamento de shoppings, bares, etc. A população não parece estar disposta a colocar em risco a sua saúde", ressalta.
De acordo com o diretor, o perfil "comedido" do governador, se afastando de conflitos, ajuda na condução.
Avaliação federal
Em contrapartida, há uma avaliação diferente em relação ao Governo Federal. O público feminino é o mais contrário. O índice chega a 60%. Os mais jovens, com idades entre 18 e 24 anos, são os que mais estão insatisfeitos com as propostas apresentadas por Bolsonaro. O percentual chega a 69% de rejeição às ações. Cearenses de nível superior também se destacam com 74% de reprovação ao presidente.
Publicamente, o presidente Jair Bolsonaro tem dado ênfase ao discurso de esclarecer sobre os impactos na economia nacional, entre empresas e autônomos, no momento de isolamento social. Na última terça-feira (24), o presidente falou à Nação em pronunciamento em rede nacional de rádio e TV pedindo para encerrar o isolamento por conta de um provável colapso econômico.
Para o diretor do Instituto, um aspecto a ser considerado em relação à avaliação do público é o fato de que o ministro da Saúde conduziu, no primeiro momento, as ações da crise.
"No início da crise, houve declarações contraditórias do presidente, em relação a orientações do Ministério da Saúde, o que causou estranheza à população", explica Pedro Barbosa.
Uma observação sobre a opinião dos entrevistados, segundo Pedro, é o fato de a população estar percebendo mais esses movimentos das lideranças porque a maior parte está passando mais tempo em casa, pela recomendação de isolamento social e, por isso, se informa mais, conseguindo perceber a dimensão do que está se passando. "A população está preocupada", complementou o diretor do Instituto Opnus.
(Wagner Mendes/Diário do Nordeste)