Samuel Dias e Élcio Batista |
Estamos a nove meses das eleições para prefeito e vereador. Na disputa no âmbito do Ceará, Fortaleza é a joia da coroa. Em termos de influência econômica e cultural, a Capital é para o Estado o que São Paulo representa para o Brasil.
O vencedor da eleição de Fortaleza controlará o segundo maior orçamento do Ceará (perde em valor somente para o Governo estadual) e vai liderar os destinos administrativos da cidade que tem cerca de 40% do PIB cearense.
Naturalmente, já há um certo rebuliço no noticiário. A crônica política busca antecipar os movimentos das peças no jogo de xadrez pré-eleitoral. Um desses movimentos foi antecipado na tarde desta segunda-feira pelo site do O Povo, com assinatura do jornalista Carlos Mazza.
O texto aponta a saída de Samuel Dias (secretário de Governo de RC) para que seu nome fique à disposição como candidato a prefeito. Segundo a reportagem, a saída já ocorreria no início de abril, muito embora o prazo final seja início de junho, quatro meses antes da eleição e a pelo menos um mês do prazo final das convenções.
Tudo certo. Ou quase. Até o momento, não há motivos plausíveis para Samuel ou qualquer outro secretário deixar o cargo dois meses antes do prazo final. Porém, é usual que as desincompatibilizações ocorram. Para tanto, os prazos costumam ser usados ao limite.
Na prática política, desincompatibilizar-se significa manter-se elegível. Esse é o ponto. É muito provável que Samuel deixe o cargo para se manter elegível e, mais do que isso, manter-se como peça livre para possível escolha na hora certa e, até esse momento chegar, deixar os adversários confusos.
Da mesma forma, o secretário da Casa Civil do Governo do Estado, Élcio Batista, também deve deixar suas funções. O prazo é o mesmo de Samuel e, não é razoável que isso ocorra no início de abril quando pode ser no início de junho. Outros secretários também devem ir na mesma linha, incluindo os que vão ser candidatos a vereador.
No jogo político, é usual que os técnicos só abram a escalação do time praticamente na hora de entrar em campo. Para isso, é preciso que todos os jogadores estejam em plena condição de jogo. No entanto, o presidente da Assembleia, José Sarto, não precisa deixar o mandato. A legislação o desobriga.
“O prefeito nunca falou comigo a repeito disso. Trata-se de um assunto que não faz parte de nosso cotidiano de trabalho”, relatou Samuel Dias para o Focus. Bastante ligado a Roberto Cláudio, o secretário é apontado como um potencial candidato à sucessão.
Em conversa com o Focus, o prefeito Roberto Cláudio confirma que o tema desincompatibilização ou articulações em torno de nomes nunca foram abordados por ele com nenhum secretário. “Isso ainda não passa por nossa cabeça”, diz.
O prefeito sabe bem que a prática da desincompatibilização é parte do jogo e que esse movimento serve para colocar os nomes nas mesas das conversas com aliados, além de deixar os opositores em estado de expectativa, mas adianta: “Só tem sentido sair do cargo tanto tempo antes do prazo se houver de fato uma decisão antecipada acerca da candidatura de nossa aliança”. Pois é.
É conveniente observar o método de ação que caracteriza os processos de escolhas de Cid Gomes, que terá grande influência na definição. O senador tem por prática dar o apito final em seu jogo no minuto final dos acréscimos. A aliança que está no poder e que tem governos bem avaliados sempre esperar que as candidaturas de oposição e suas alianças se definam antes.
(Fábio Campos/Focus)