quinta-feira, 3 de outubro de 2019
Vaticano autoriza beatificação da menina Benigna, de Santana do Cariri
O Vaticano reconheceu o martírio de Benigna Cardoso da Silva, nascida em 15 de outubro de 1928, em Santana do Cariri, no Ceará. O boletim foi divulgado nesta quinta-feira, 3, em Roma. A etapa é considerada a mais valiosa no processo de beatificação. É também a mais próxima. A menina, vista como santa pelos fiéis, tem título de Serva de Deus desde 2013.
Aprovação do processo para beatificação foi publicada nos Decretos da Congregação para as Causas dos Santos, junto a outros quatro servos de Deus. Também nesta quinta, o Escritório de Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice notificou o rito de canonização da baiana Irmã Dulce para o próximo dia 13.
A causa de Benigna foi aprovada em outubro do ano passado pela Comissão dos Teólogos da Congregação para as Causas dos Santos. O processo de beatificação foi aberto em 2011 pela Diocese do Crato. Em 2016, o Vaticano chegou a buscar depoimentos de pessoas que viveram entre 1940 e 1980 para fortalecer a tese do martírio cristão da jovem Benigna.
Esta é a primeira beatificação da história do Estado. "É uma importante notícia não apenas para o povo católico e da Região do Cariri, mas para o povo cristão, que vê reconhecido mais um exemplo de bondade e fé", declarou o governador Camilo Santana. Em junho deste ano, a Romaria da Menina Benigna, em Santana do Cariri, entrou para o calendário oficial de eventos do Ceará.
Pároco de Santana do Cariri, o padre Paulo Lemos destaca que o reconhecimento é fruto de um longo trabalho. "É muito importante a beatificação porque a Igreja nos chancela. Está confirmando que, de fato, aqui viveu uma santa de Deus e ela poderá ser elevada à honra dos altares". Ele afirma que, em 2018, cerca de 30 mil pessoas participaram da Romaria da Menina Benigna. Em entrevista à rádio CBN Cariri nesta manhã, o Lemos disse ainda que será pedido reforço na estrutura para a Romaria deste ano, em outubro próximo.
O crime
Benigna foi morta na tarde de 24 de outubro de 1941, quando saiu para buscar água, como fazia todas as tardes, em uma cacimba a poucos metros de casa. Ela foi abordada pelo também adolescente Raul Alves, que golpeou a menina com um facão após ela resistir às tentativas de aproximação do jovem. O corpo foi encontrado no Sítio Oti, local do crime, onde vivia a família adotiva da menina.
Na época do crime, o pároco Cristiano Coelho Rodrigues, mentor espiritual da jovem, escreveu que Benigna "morreu martirizada, às 4 horas da tarde". A nota, ao lado do registro de batismo, falava ainda: "Heroína da Castidade, que sua santa alma converta a freguesia e sirva de proteção às crianças e às famílias da Paróquia. São os votos que faço à nossa santinha".
(Rubens Rodrigues/O Povo)