segunda-feira, 5 de agosto de 2019
Dono do Grupo Petrópolis se entrega à Lava Jato
O dono do Grupo Petrópolis, Walter Faria, se entregou, nesta segunda-feira, 5, à Polícia Federal do Paraná, para cumprir prisão preventiva na Operação Lava Jato. A cervejaria está sob suspeita de lavar R$ 329 milhões para a Odebrecht. Faria era considerado foragido desde quarta-feira, 31.
Ao se entregar, o executivo prestou um breve depoimento, no qual afirmou já ter prestado 12 declarações à PF em São Paulo e Brasília, e também ao Ministério Público Federal no Rio. Faria se colocou à disposição para "juntar as respectivas cópias".
O dono do Grupo Petrópolis afirmou ainda que "já foi preso na operação Cevada, em 2005, não tendo sido denunciado naquele inquérito". Disse ainda que responde "a processo na Justiça Federal de Santos/SP e na justiça estadual do Rio de Janeiro (no RJ, sobre direito do consumidor)".
Apontado pelos investigadores como "grande operador de propina" do esquema Odebrecht instalado na Petrobras, Walter Faria também está com os bens bloqueados no valor de até R$ 1,3 bilhão - montante que ele próprio admitiu manter no exterior.
A Operação "Rock City" investiga rede de propinas da Odebrecht por meio de doações eleitorais do Grupo Petrópolis.
A investigação revela que R$ 329 milhões, entre 2006 e 2014, foram lavados pela Petrópolis no interesse da Odebrecht.
Walter Faria, controlador do grupo, usou ainda conta na Suíça para intermediar o repasse de mais de US$ 3 milhões de propina relacionadas aos contratos dos navios-sonda Petrobrás 10.000 e Vitória 10.000.
Segundo a investigação, por meio das empresas Praiamar e Leyroz Caxias, o Grupo Petrópolis foi utilizado pela Odebrecht para realizar, entre 2008 e 2014, "pagamentos de propina travestida de doações eleitorais, no montante de R$ 121.581.164,36".
A força-tarefa da Lava Jato revela que Walter Faria, em conjunto com outros cinco executivos do Grupo Petrópolis, "atuou em larga escala na lavagem de centenas de milhões de reais em contas fora do Brasil e desempenhou substancial papel como grande operador de propina".
Sobrinho
Vanuê Faria, sobrinho do dono do Grupo Petrópolis, Walter Faria, admitiu, em depoimento à Polícia Federal, que a cervejaria gerou dinheiro em espécie, como se fosse um "banco", para a Odebrecht, mediante pagamentos no exterior. Ele reconhece inclusive seu usuário no sistema Drousys, que controlava o departamento de propinas da empreiteira. No entanto, nega saber do destino dos valores em espécie.
O depoimento foi prestado na sexta-feira, 2, mesma data em que a juíza Gabriela Hardt prorrogou por mais cinco dias - até dia 6 - a prisão de Vanuê, de Cleber Faria e do advogado Silvio Pelegrini. Eles são alvo da Operação Rock City, Lava Jato 62.
Segundo Vanuê, "como o Grupo Petrópolis não precisava mais de tanto dinheiro no exterior, mas ao mesmo tempo a ODEBRECHT continuava precisando de valores em espécie no Brasil, houve uma reunião entre ele, Walter Faria e o então executivo da Odebrecht Benedicto Júnior, o BJ".
Neste encontro, que teria sido em meados de 2008, ele diz que "surgiu então a possibilidade de serem realizadas doações eleitorais em nome da Odebrecht, o que foi aceito".
Segundo Vanuê Faria, "depois de 2008 não foram realizadas apenas doações eleitorais, ao que tenha a lembrança, mas continuou a disponibilização de valores em espécie, assim coexistindo com o novo padrão adotado, qual seja, o de doações eleitorais".
O sobrinho de Walter Faria diz que "era cobrado um porcentual em cima dessas doações, uma correção, como se o GP fosse um banco"; e que "havia um forte controle no DROUSYS, e poderá ser alcançado, e sabe que havia também a necessidade de que o GP efetuasse pagamentos não necessariamente ligados a eleições".
(Isto É)