sexta-feira, 26 de julho de 2019
Ceará já perdeu quase 7 mil empregos neste ano
De janeiro a junho, o Ceará perdeu quase 7 mil empregos formais. Somente no comércio e na construção civil, o saldo de baixas foi superior a 4 mil postos em cada. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que mostram, no entanto, no comparativo com o acumulado do ano de 2018, variação de apenas 0,61% no resultado.
Em junho deste ano, foram 29.410 admissões e 29.532 demissões, resultando em um saldo negativo de 122 empregos (-0,01%). Chama atenção o enxugamento de pouco mais de mil postos de trabalho em um mês na indústria. O comparativo em doze meses, no entanto, aponta para um cenário não tão ruim neste ano ante junho de 2018, pois houve saldo positivo de 0,52%.
O que está ocorrendo no Ceará segue a mesma dinâmica do que está sendo observado na grande maioria dos estados do Nordeste. Em Alagoas, por exemplo, o primeiro semestre de 2019 acumulou mais de 23,5 mil baixas (-6,67); em Pernambuco são menos 23,6 mil empregos (-1,9%); na Paraíba, o saldo terminou negativo em 7,6 mil vagas (-1,89).
Bahia, Maranhão e Piauí, dentre os nove estados do Nordeste, foram os únicos a registrar variação positiva no semestre. Sendo que apenas a Bahia teve saldo de mais de 29,4 mil empregos gerados no acumulado do ano. Porém, as perdas em anos anteriores foram muito altas, o que resultou em uma variação de apenas 1,4% no comparativo com janeiro a junho de 2018.
Já o Brasil registrou o melhor resultado para o primeiro semestre desde 2014, quando o saldo acumulado foi de 408,5 mil vagas.
Considerando a geração de empregos por município, no Ceará, Caucaia (saldo de 1.085 empregos), Canindé (630 empregos), Morada Nova (374 empregos), Barbalha (297 empregos) e Eusébio (250 empregos) foram os que apresentaram melhor resultado no primeiro semestre deste ano.
Já a Capital perdeu, no acumulado do ano, 4,8 mil empregos. As baixas também foram muito fortes em Sobral, Quixeramobim, Maracanaú e Aquiraz, importantes polos econômicos do Estado.
O analista do Sine/IDT, Mardônio Costa, explica que os números do Ceará espelham a realidade de baixo nível de atividade econômica, de investimento e consumo, apesar da relativa estabilidade. "E com a perspectiva do Brasil crescer apenas 0,8% neste ano, mais uma vez a questão da recuperação do mercado de trabalho é jogada mais para frente".
Ele diz que, hoje, mais da metade das pessoas ocupadas no Ceará está no mercado informal. E um ponto que preocupa é que apesar de serviços ser um dos poucos setores que permanecem com mais admissões que demissões, com saldo positivo de 11,7 mil empregos em doze meses, esse ritmo vem desacelerando. "Até o setor de serviços vem perdendo capacidade. Em 2018, o saldo foi de 16,2 mil postos de trabalho".
O economista Lima Matos acredita, porém, que o País está caminhando para resolver seus grandes problemas, ao aprovar no primeiro turno a reforma da Previdência, iniciar a discussão da reforma tributária e criar medidas como a liberação do FGTS.
"Esta série de medidas podem impulsionar a economia. É claro que neste ano a geração de empregos deve seguir patinando, mas, em 2020, deve voltar com mais consistência".
O mestre em Economia, Eduardo Leite, concorda. Mas diz que é preciso pensar outras soluções para trazer a volta do emprego formal de maneira mais sólida. "Muito difícil voltar ao que era antes".
(O Povo)