sábado, 22 de junho de 2019
Fim das coligações impõe novo pensamento estratégico político
A 470 dias das eleições municipais, partidos políticos já desenham táticas para a manutenção e ampliação do poder no Estado. O pleito de 2020 tem novo componente: é o primeiro sem coligações proporcionais. Na prática, a medida aprovada em 2017 põe fim à figura do puxador de votos e obriga partidos a disputarem a corrida eleitoral com as próprias forças.
A nova regra, segundo O POVO apurou com os partidos, impulsiona legendas a caçar novas lideranças, trabalhá-las e inseri-las em campanha. Também faz partidos considerarem mais intensamente a possibilidade de candidaturas próprias. Isso porque os nomes lançados ao Executivo, se não puderem almejar a vitória, podem atrair votos para candidatos a vereador.
O presidente estadual do Partido Democrático Trabalhista (PDT), André Figueiredo, afirma que a sigla quer ter 70 prefeitos em 2020 entre eleições e reeleições. Para isso, o partido tenta emplacar adesões, como nos casos recentes dos prefeitos de Tarrafas e Irauçuba.
Do quantitativo de 392 vereadores eleitos em 2016, a agremiação pretende saltar para 500. "Particularmente, tenho ido a muitos municípios, falando de temas nacionais, como a reforma da Previdência, mas também fazendo envolvimento geral nessa reorganização partidária do PDT."
O objetivo é se firmar como maior partido do Estado e assegurar caminho para 2022. "Uma vez que nós continuamos com projeto nacional de termos Ciro como presidente", explica o brizolista.
O mandatário do Partido dos Trabalhadores no Ceará, Antônio Alves Filho, por sua vez, adianta que o partido quer dobrar o número de cidades comandadas. Além de Fortaleza, estão no radar Maracanaú, Juazeiro do Norte, Canindé, Barbalha e Itapipoca.
Para a disputa na Capital, ele assegura que a intenção é reconduzir Luizianne Lins ao cargo, mas também cita o deputado estadual Elmano de Freitas como quadro com potencial. Em Juazeiro do Norte, o nome já convidado é o do vice-presidente da Assembleia, Fernando Santana, que teria de deixar Barbalha como domicilio eleitoral. O petista, apesar do apelo interno, ainda não decidiu.
Sobre Maracanaú, comandada por um adversário histórico, o PSDB de Firmo Camurça, o petista diz haver a costura de um acordo capaz de produzir nome com capacidade de bater o grupo do prefeito, o mesmo do deputado federal Roberto Pessoa (PSDB).
Alves diz ainda que o partido quer recuperar municípios já governados anteriormente, como Icapuí, Jaguaruana, Mauriti e Senador Pompeu.
O fim da coligação proporcional, segundo Alves, demanda estratégia mais focada no conjunto. "Não é só uma candidatura ou outra, tem que estimular a candidatura das mulheres para atingir uns 30% que efetivamente disputem. Antes você tinha disparidade ideológica (nas coligações). Acho que fortalece a ação programática."
Ex-vice-governador do Ceará, Domingos Filho assumiu a presidência do Partido Social Democrático (PSD) para intensificar articulações, ao passo que o filho, Domingos Neto, foca em Brasília, onde é deputado federal. Resolução nacional diz que a sigla tem de ter candidato próprio em municípios com mais de 100 mil habitantes e com sinal de TV.
A regra, contudo, respeita exceções. E Fortaleza é uma delas. Filho e Neto já externaram desejo de ter a vice na chapa do candidato do PDT. Filho pondera, contudo, que é cedo para este debate.
Quando o assunto são os demais municípios, o pessedista diz que o raciocínio será objetivo: o dinheiro será depositado em cidades que apresentem condição de vitória. "Nós não vamos instalar o partido onde não tem candidato a prefeito, vice e chapa competitiva de vereadores, porque se não é um 'faz de conta'." O levantamento das comissões provisórias que permanecerão ou não ainda não foi definido. "Coisa para dezembro", ele afirma.
(Carlos Holanda/O Povo)