domingo, 26 de maio de 2019
Onze líderes do PCC no Ceará são transferidos para presídio federal
As autoridades cearenses continuam a praticar a estratégia de enviar presos com liderança dentro de organizações criminosas para outros estados do País. Meses após a mudança de detentos ligados a outras facções, onze chefes do Primeiro Comando da Capital (PCC) foram levados à Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte, na madrugada de ontem (25).
Familiares se surpreenderam com a transferência horas depois, quando chegaram ao Centro de Detenção Provisória (CDP), em Itaitinga, para realizar a visita íntima, e foram informados por agentes penitenciários que os detentos tinham sido levados a uma unidade penitenciária federal que fica a cerca de 250 Km de Fortaleza, conforme apurado pela reportagem.
Não houve aviso prévio aos parentes nem aos advogados. Questionada sobre as transferências, a Secretaria da Administração (SAP) não emitiu posicionamento.
Foram transferidos Erivando Paulino de Sousa, Francisco Arielson de Sousa, Francisco Eudes Martins da Costa, João Wanderson dos Santos Sousa, José Fabiano Nunes de Alencar, Leandro de Sousa Teixeira, Leonardo Santos Bezerra, Manoel Giliarde da Silva, Marcílio Alves Feitosa, Marco Aurélio Flávio e Paulo César da Costa Souza.
Os onze internos fazem parte de um grupo de 33 homens com perfil de liderança dentro do PCC, que denunciaram, através de ação judicial interposta no Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), terem sofrido tortura de agentes penitenciários, enquanto estavam isolados na Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor Jucá Neto (CPPL III), também em Itaitinga, na madrugada de 20 de fevereiro deste ano, antes de serem levados para uma ala de segurança máxima do CDP.
Os internos transferidos para o presídio de Mossoró respondem a crimes como homicídio, latrocínio, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, roubo e receptação.
Facções
O Estado utilizou a transferência de líderes de organizações criminosas para presídios federais como uma estratégia para inibir a maior série de ataques a prédios públicos e privados e ônibus da história do Ceará (foram mais de 200 ocorrências, ordenadas principalmente de dentro dos presídios), registrada em janeiro deste ano, e retomar o controle do sistema penitenciário.
Pelo menos 40 detentos, ligados às facções Comando Vermelho (CV) e Guardiões do Estado (GDE), foram levados a presídios federais. Quanto ao PCC, as autoridades preferiram, no primeiro momento, apenas isolar os presos em alas de segurança máxima de unidades estaduais.
(Diário do Nordeste)