O anúncio da partida de médicos cubanos que atuavam no programa Mais
Médicos preocupou cidades de todo o Brasil e exigiu respostas rápidas do
Ministério da Saúde. No Ceará, 118 cidades contam com atendimento de
profissionais cubanos. No entanto, destas, pelo menos oito têm 75% do
atendimento feito por esses profissionais. Algumas delas dependem
totalmente do convênio com Cuba. É o caso de Moraújo e Miraíma.
Além
de ter levantado preocupações de ordem epidemiológica devido à
aproximação do período chuvoso, a interrupção da parceria também trouxe
preocupações financeiras aos municípios. Com inscrições abertas na
última quarta-feira, o Ministério da Saúde informou que o edital lançado
em caráter emergencial para suprimento das vagas contabilizou 20 mil
inscrições até ontem.
De acordo com a Comissão
Coordenadora Estadual do Mais Médicos (CCE) no Ceará, com base em bancos
de dados públicos (Formsus e Cnes) de outubro de 2018, há oito
municípios cearenses nos quais os cubanos representam 75% ou mais dos
médicos na atenção primária, o que os torna mais dependentes do
atendimento. São eles Uruoca, Morada Nova, Morrinhos, Tamboril, Marco e
Ararendá. As cidades de Moraújo e Miraíma são totalmente atendidas por
médicos cubanos, com quatro e três profissionais respectivamente.
Enquanto
organizações médicas acreditam que as vagas serão rapidamente repostas
por profissionais brasileiros diante da grande procura nos primeiros
momentos da inscrição, secretários de saúde temem a não fixação de
alguns profissionais. Marcos Pinheiro, 42, morador de Morada Nova, conta
que foi com os médicos cubanos que viu pela primeira vez atendimento
médico regularizado na cidade
No Ceará, são 439 vagas em 115 municípios e quatro em Distritos
Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs). As cidades de Caucaia,
Maranguape e Uruburetama não integraram o edital. Todas com apenas um
profissional registrado. Em Caucaia, a única médica cubana atua no
distrito de Tucunduba, distante mais de 20 km do centro do município
Está marcada para o dia 12 de dezembro a data limite de permanência de
médicos cubanos no Brasil. Conforme Gadyel Gonçalves, presidente da
Associação de Municípios do Ceará (Aprece), com a adesão de médicos
brasileiros ao edital, a expectativa é de que os municípios não tenham
tanto impacto. "Temos de esperar acontecer. Essa questão da vinda dos
cubanos facilitou muito o acesso da comunidade. A preocupação é não
arranjar médico para localidades distantes, mas pelo que estamos vendo,
se todas as vagas estiverem preenchidas, não teremos maiores prejuízos
para os municípios", conclui.
O Sindicato dos Médicos do Ceará lançou programa de atendimento
voluntário nas comunidades carentes no período de transição entre a
saída de médicos cubanos e a contratação de novos profissionais.
(O Povo)