A escolha do juiz Sérgio Moro, de 46 anos, como superministro da Justiça e Segurança Pública foi considerada, ontem, uma aposta vitoriosa do presidente eleito Jair Bolsonaro e tende a melhorar a imagem do novo governo, minando as críticas de que o Brasil estaria sob risco de uma ruptura da ordem democrática.
"Excelente nome. Imprimirá no Ministério da Justiça a sua marca indelével no combate à corrupção e na manutenção das nossas instituições democráticas, prestigiando a independência da PF, MP e Judiciário. A sua escolha é a que a sociedade faria se consultada. É um juiz símbolo da probidade e da competência. Escolha por genuína meritocracia", comentou o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal.
Entidades de magistrados também elogiaram a escolha. Fernando Mendes, presidente de Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), afimou em nota que Moro "sempre foi um juiz federal exemplar e que muito contribuiu para o fortalecimento da Justiça Federal".
Jayme de Oliveira, presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), ressaltou, em nota, que o juiz "tem todas as credenciais para assumir o encargo e enaltecerá o Ministério da Justiça" e que a escolha "é também um reconhecimento à magistratura brasileira".
Presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Edvandir Felix de Paiva destacou que "Moro demonstrou ter conhecimento e capacidade substanciais para ocupar o cargo".
Marcos Camargo, presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), considera que "seu papel no enfrentamento ao crime do colarinho branco é evidenciado ao longo de sua história, seja na operação Lava-Jato ou outras anteriormente realizadas".
Integrantes da força-tarefa da Lava-Jato também defenderam a indicação. O procurador Januário Paludo afirmou que as organizações criminosas têm muito mais a temer com Moro no ministério do que como juiz na Operação Lava-Jato.
O procurador Deltan Dallagnol defendeu o magistrado e criticou quem diz que Moro tinha aspirações políticas no Judiciário,
"Se o juiz Moro tivesse aspiração política, ele poderia ter se tornado presidente ou senador nas últimas eleições com alta probabilidade de êxito. Mentiras como essa serão repetidas, mas não vão abalar a Lava-Jato, em que atuam não só um juiz, mas 14 da primeira à última instância", declarou.
Marcelo Bretas, juiz responsável pela Lava-Jato no Rio de Janeiro, parabenizou e desejou sucesso ao colega de Curitiba. Bretas elogiou o profissionalismo e a "dignidade pessoal" de Sérgio Moro pouco depois dele ter aceitado o convite de Bolsonaro.
Para o especialista em direitos humanos Daniel Vargas, da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, a presença de Moro no governo será também "uma maneira de fortalecer o vínculo de Bolsonaro com o povo que votou por suas bandeiras contra a corrupção". Moro é o quinto ministro de Bolsonaro. Os outros são o general Augusto Heleno Ribeiro na Defesa; o deputado Onyx Lorenzoni como chefe de gabinete; Paulo Guedes como um superministro da economia, e o astronauta brasileiro Marcos Pontes em Ciência e Tecnologia.
(DN)