O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), anunciou ontem, em entrevista à Record TV, que vai encontrar o presidente Michel Temer (MDB) para tentar aprovar ainda este ano parte da reforma da previdência. A matéria, conforme adiantado pelo futuro ministro da Fazenda, Paulo Guedes, vai ser enfrentada pela nova gestão como prioridade número um.
“Semana que vem estaremos em Brasília e tentaremos junto ao atual governo de Michel Temer aprovar alguma coisa. Se não toda a reforma da Previdência, ao menos parte, para evitar problemas para um futuro governo”, disse Bolsonaro na primeira entrevista após o resultado das urnas.O presidente eleito aproveitou para mandar mensagem ao Congresso Nacional para evitar a aprovação de “pautas bobas que aumentem ainda mais esse déficit, sob o risco de o Brasil entrar em colapso”. Em 2015, as chamadas “pautas-bombas” foram aprovadas ainda na gestão Dilma Rousseff (PT), sob a presidência de Eduardo Cunha (MDB) à frente da Câmara dos Deputados, aumentando os gastos das contas públicas.Conforme anunciado por Bolsonaro, “as conversas já conversaram”. “Muitos partidos vieram conversar comigo”, anunciou. A tentativa de aprovar a reforma ainda este ano é ousada, tendo em vista que a própria gestão Temer ensaiou inserir na pauta econômica a reforma previdenciária, mas o assunto nem chegou a ser votado por ser entendido pela base como agenda impopular às vésperas da eleição.A estratégia, agora, é usar a força de recém-eleito para mobilizar já a base do presidente em final de mandato. No mesmo dia da eleição, Guedes já havia anunciado as prioridades do novo governo na economia. “O foco do programa econômico é o controle do gasto público. Aí você vai ver os gastos públicos, os grandes itens. O primeiro grande item é a previdência, precisamos de uma reforma da previdência. O segundo grande item do controle de gastos públicos, a despesa de juros. Vamos acelerar as privatizações porque não é razoável o Brasil gastar 100 bilhões de dólares por ano em juros da dívida”, declarou.Ainda na entrevista, Bolsonaro reafirmou planos de governo já expostos durante a campanha, como a ideia de privatizar estatais cujas atividades não sejam consideradas estratégicas para o Estado, de se aproximar dos Estados Unidos, e de acelerar as mudanças legais que vão permitir à população o porte de armas. Mais uma vez, ele demonstrou vontade de ter o juiz Sérgio Moro, que atua na Operação Lava Jato, em sua equipe, no Supremo Tribunal Federal (STF) ou no ministério da Justiça. (das agências)