Ciro tente fechar apoio com partidos "progressistas". Foto: Agência Brasil |
Lançado oficialmente ontem pelo PDT como candidato do
partido à Presidência da República, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes fez
aceno direto a PSB, PCdoB e PT na tentativa de romper isolamento.
As siglas integram o que a coordenação da campanha do
pedetista chama de campo progressista.
Um dia depois de perder o apoio do “centrão” (PR, PP, DEM,
SD e PRB), que se bandeou para a pré-candidatura do ex-governador de São Paulo Geraldo
Alckmin (PSDB), e ainda sem um nome escolhido para vice na chapa, o candidato
deu indicativo de que concentrará energias na costura de uma frente de
esquerda.
Sob risco de não firmar alianças e ainda tendo de enfrentar
desgaste depois de suas últimas polêmicas — a principal delas, o xingamento
desferido contra promotora paulista, a quem chamou de “filho da puta” sem saber
que se tratava de mulher —, o ex-ministro investe as energias agora na formação
de um arco mínimo de partidos que lhe permita ampliar o tempo de propaganda
eleitoral.
Sozinho, o PDT tem somente 28 segundos de exposição gratuita
na TV e rádio. Para efeito de comparação, com a adesão dos cinco partidos do
“centrão”, Alckmin deve ultrapassar os quatro minutos a cada inserção de
12min30s diária.
Deputado federal e presidente do PDT no Ceará, André
Figueiredo disse ao O POVO que a legenda brizolista tem uma tarefa urgente:
fechar com o PSB. “Temos essa expectativa de que o PSB venha para a aliança. E
vemos a possibilidade de o PCdoB entrar também”, disse.
A sigla comunista tem encontro hoje para discutir se mantém
a candidatura da deputada estadual Manuela d’Ávila (RS) ao Planalto ou se
indica a parlamentar para vice noutra chapa. Já o PSB agendou reunião para o
dia 30 e convenção para 5 de agosto, data-limite para oficialização dos
candidatos.
Questionado se o PDT vai tentar chegar a algum entendimento
com o PT, Figueiredo respondeu que a agremiação “vai manter a candidatura do
ex-presidente Lula”, que deve ser barrada pela Lei da Ficha Limpa. O dirigente
pedetista também minimizou o anúncio de que o “centrão” apoiará o nome tucano
nas eleições.
“Não contávamos desde o início que o ‘centrão’ apoiasse o
Ciro, mas houve movimentação de alguns partidos do bloco. Pra gente, foi até
uma surpresa que eles aceitassem pontos da nossa agenda”, afirmou. Segundo o
deputado, Ciro “tinha algumas simpatias de integrantes do ‘centrão’, mas,
infelizmente, eles foram minoritários”.
Até a véspera da divulgação do apoio do “blocão” a Alckmin,
Ciro e sua equipe econômica negociavam diretamente com lideranças de legendas
do grupo, notadamente o PP do senador Ciro Nogueira, o DEM do presidente da
Câmara Rodrigo Maia e o SD do deputado Paulinho da Força — este último sugeriu
que pode retomar as conversas com o PDT caso o PSDB não reveja itens da reforma
trabalhista, como o fim da cobrança do imposto sindical.
Líder do governo Camilo Santana (PT) na Assembleia
Legislativa do Ceará, o deputado estadual Evandro Leitão afirmou que, entre os
objetivos principais do PDT neste momento, “estão fechar a coligação (com PSB,
PCdoB e PT) e o nome para vice”.
(O Povo)