O procurador-regional Eleitoral, Anastácio Nóbrega Tahim Júnior, começou a ouvir os deputados estaduais que denunciaram, no plenário da Assembleia Legislativa, semana passada, abuso de poder econômico no Interior do Estado por parte de alguns pretensos candidatos ao Legislativo estadual. Manoel Santana (PT), o primeiro a ser ouvido, disse que não tinha informações precisas e nem nomes de pessoas. Ele falou na Assembleia genericamente.
Antes do depoimento, Santana destacou a iniciativa do Ministério Público em querer compreender as denúncias feitas, sendo isso de vital importância para corrigir eventuais desvios de conduta de candidatos no Estado. “Isso mostra que o Ministério Público está preocupado com a lisura do processo eleitoral”, afirmou o deputado.De acordo com o petista, o intuito da denúncia foi tentar contribuir para que sejam punidos aqueles que estejam cometendo abuso de poder econômico, “que saem comprando lideranças e, inclusive, constroem um exército para compra de votos nas periferias das cidades”.
Santana destacou que tal ação “corrompe” o processo democrático e desvirtua a vontade soberana da população. Ele afirmou, antes de ir depor, que presenciou a venda de votos no Município de Juazeiro do Norte, e que outras pessoas também presenciaram tão ação, “que é corriqueira em véspera de eleição”.
“A Polícia Federal prende algumas pessoas e esses processos acabam não chegando a lugar nenhum. O Ministério Público tem poucos recursos e quantidade escassa de pessoas trabalhando, uma carência que também precisa ser superada”, disse.
O deputado Fernando Hugo (PP) é outro que, desde o ano passado, reclama da atuação de pretensos candidatos cometendo irregularidades no período pré-eleitoral. Da tribuna da Assembleia Legislativa, ele chegou a cobrar mais empenho do Ministério Público Eleitoral. Ele será ouvido hoje pelo procurador.
Patrocinam
Há cerca de uma semana, o parlamentar reiterou denúncias já feitas anteriormente sobre o uso da máquina pública por pretensos candidatos ligados ao Governo do Estado e a prefeituras municipais, para captação de votos. Fernando Hugo chegou a dizer que o Ministério Público Eleitoral estava “sob cegueira” por não adotar as devidas providências para coibir o abuso.
No dia anterior, Manoel Santana já havia reclamado da compra de votos no Interior. O petista chegou a dizer que não acreditava que o pleito deste ano fosse uma oportunidade para se promover mudanças no País, visto que o Brasil já está “muito vulnerável e maculado”.
Outros deputados dizem, em entrevistas e em conversas com colegas, que também têm visto esse tipo de ação nos municípios do Interior. “Eu tenho presenciado isso, inclusive, sendo praticado por membros dos poderes que são candidatos ou que patrocinam candidaturas”, disse Roberto Mesquita (PROS). De acordo com ele, alguns gestores se utilizam do poder que possuem para fazer campanha e até realizar compra de votos.
“Esse período pré-eleitoral é muito tenso, porque participaremos de uma eleição de apenas 45 dias e está todo mundo em pré-campanha. Existem aqueles candidatos que não cumprem o dever ético e partem para a compra de votos”, denunciou o deputado Leonardo Araújo (MDB).
Depoimento
Durou cerca de 30 minutos a conversa do deputado Manoel Santana com o procurador Anastácio Tahim, no início da tarde de ontem, na sede do Ministério Público Federal. A conversa aconteceu a portas fechadas. Ao sair, Santana afirmou não possuir informações precisas ou nomes em relação ao discurso feito na Assembleia.
“Eu disse que minha fala foi no sentido mais geral, na questão do envolvimento do empresariado nas eleições, e essa corrupção que tinha sido revelada. E que isso termina se reproduzindo em todas as casas legislativas, mas não citei nenhum nome”, disse. O procurador não falou sobre o depoimento do parlamentar.
(DN)