Delegados e policiais civis se reuniram na tarde desta quinta-feira (26) em ato de solidariedade do delegado de Polícia Civil Romério Almeida, achado baleado em casa nesta quinta-feira (26), um dia após ser afastado do cargo por suspeita de envolvimento em um esquema para beneficiar um criminoso. Para os policiais, o delegado teve a reputação "jogada na lama".
"Lamentamos o ocorrido, mas não podemos nos calar diante da espetacularização que foi feita pelo Ministério Público de um fato que, eu acho, não existe nada de anormal. Entendemos que em respeito a uma investigação que está se principiando porque sequer foi deflagrada uma ação penal – achamos que foi precipitado jogar o nome de uma pessoa na lama", afirma Milton Castelo Filho, presidente da Associação dos Delegados de Polícia Civil do Ceará (Adepol).
Ele é investigado por envolvimento em um suposto esquema de corrupção envolvendo também um advogado e um presidiário.
Segundo o Ministério Público do Ceará (MPCE), o delegado Romério Almeida aparece em interceptações telefônicas negociando a liberação de um carro apreendido pelo 34º DP. O veículo teria sido apreendido durante uma operação policial e levado para a delegacia, mas não foi registrado boletim de ocorrência do caso.
Depois do ocorrido, o delegado teria negociado a liberação irregular do automóvel com o advogado e com o preso, inclusive com o ajuste prévio de valores. De acordo com as investigações o delegado teria recebido R$ 1,5 mil para liberar o carro.
Durante a Operação, nomeada de “Renault 34”, o MPCE e a Controladoria Geral de Disciplina (CGD), cumpriu mandados de busca e apreensão na casa e no gabinete do delegado, como também na residência e no escritório do advogado e na cela do detento.
Um dia após a operação, o delegado afastado foi achado baleado dentro de casa. A polícia investiga as circunstância do caso. Ele teve uma melhora no quadro de saúde na tarde desta quinta e não corre risco de morrer.
Ministério Público defende operação
O Ministério Público Estadual do Ceará, autor da ação que resultou no afastamento do delegado, "lamentou profundamente" o caso ocorrido com o Romério Almeida e defende que "todas as suas ações têm como base os regramentos e diretrizes pautados na Constituição Federal e leis infraconstitucionais".
"Todas as ações do Ministério Público ocorreram com anuência da Justiça. Tanto a interceptação das ligações telefônicas."
"O afastamento do delegado Romério Almeida de suas funções e a realização de busca e apreensão na residência e no local de trabalho dele foram determinados pelo juiz da 8ª Vara Criminal de Fortaleza, Henrique Granja", conclui o Ministério Público, em nota.
(Portal G1)