Depois de uma série de tratativas frustradas, Marcos Valério de Souza conseguiu fechar um acordo de delação premiada com a Polícia Federal. As informações coletadas pelos investigadores foram encaminhadas para o Supremo Tribunal Federal (STF) porque o operador citou políticos envolvidos no chamado mensalão mineiro que detêm mandatos — o chamado foro privilegiado. O documento é extenso e está no gabinete da presidente do Supremo, ministra Cármen Lúcia. Como a Corte está em recesso, ela pode homologar o acordo por conta própria ou aguardar o retorno dos demais ministros para distribuir o caso.
Condenado a mais de 37 anos de prisão no julgamento do mensalão, Valério foi transferido na segunda-feira da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, para a Associação de Proteção e Assistências ao Condenado (Apac) de Sete Lagoas (MG). Ele alegava correr risco de morte no presídio e pedia a transferência para se sentir seguro com a colaboração.
Antes de negociar com os policiais federais, Valério tentou, sem sucesso um acordo com o Ministério Público Federal. Ele dizia ter mais informações sobre os desvios do Banco Rural e o envolvimento de dirigentes do PT, inclusive o ex-presidente Lula, com o assassinato do prefeito Celso Daniel. Desta vez, Valério prometeu entregar detalhes do chamado mensalão mineiro e a participação de políticos influentes nas últimas décadas no Estado. A Polícia Federal avaliou que os dados são novos.