O empresário Joesley Batista (foto) quebrou o silêncio 67 dias e 67 noites depois que o conteúdo de sua delação premiada veio a público e balançou o governo do presidente Michel Temer. Em artigo publicado na "Folha de S. Paulo" neste domingo, o delator destacou que não esperava o "súbito vazamento" e explicou que decidiu se manifestar "para acabar com mentiras e folclores e dizer que é de carne e osso".
No artigo, Joesley revelou que reagiu com "medo, preocupação e angústia" ao ver a divulgação do conteúdo de seu acordo com a Procuradoria-Geral da República. Passados dois meses de abalo nas estruturas do Palácio do Planalto, ele alega que decidiu "entregar ao tempo a missão de revelar a razão".
"De uma hora para outra, passei de maior produtor de proteína animal do mundo, de presidente do maior grupo empresarial privado brasileiro, a 'notório falastrão', 'bandido confesso', 'sujeito bisonho' e tantas outras expressões desrespeitosas", escreveu o empresário.
Na visão dele, construiu-se a "imagem perfeita" de um empresário "irresponsável e aproveitador que tocou fogo no país, roubou milhões e foi curtir a vida no exterior". Com a repercussão, segundo Joesley, políticos que se beneficiavam dos recursos da J&F passaram a criticá-lo e a mentir.
A data em que a colaboração vazou — aniversário de um de seus filhos — foi também, segundo o empresário, "o dia de seu renascimento". Joesley explicou que se sentiu "um novo ser humano com coragem para romper elos inimagináveis da corrupção praticada pelas maiores autoridades" do Brasil.
"Eles (os políticos) estão em modo de negação. Não os julgo. Sei o que é isso. Antes de me decidir pela colaboração premiada, eu também fazia o mesmo. Achava que estava convencendo os outros, mas na realidade enganava a mim mesmo, traía a minha história, não honrava o passado de trabalho da minha família", destacou o delator.
'INIMIGO PÚBLICO NÚMERO UM'
Joesley ainda ressaltou no artigo o quanto considerou "absurda" a veiculação de imagens suas e de sua família no aeroporto, "como se estivessem fugindo" para o exterior. Desde então, ele disse que foca na segurança de seus parentes e na saúda financeira das empresas. Mas alega que jamais usou a delação para obter lucro.
"Nessa altura, porém, eu já havia sido transformado no inimigo público número um, e nada do que eu falasse mereceria crédito (...) Mentiram que eu estaria protegendo o ex-presidente Lula; mentiram que eu seria o responsável pelo vazamento do áudio para imprensa para ganhar milhões com especulações financeiras; mentiram que eu teria editado as gravações", elencou.
A maior das mistificações, na avaliação de Joesley, foi atribuir a ele o papel de estragar a recuperação da economia brasileira, "como se ela fosse frágil a ponto de ter que baixar a cabeça para políticos corruptos", alegou.
De volta a São Paulo, Joesley lembrou ainda a multa de R$ 10,3 bilhões que a J%F deverá pagar como resultado do acordo de leniência.
"Essa obrigação servirá para que nossas próximas gerações jamais se esqueçam dessa lição do que não fazer", frisou.
No artigo, Joesley revelou que reagiu com "medo, preocupação e angústia" ao ver a divulgação do conteúdo de seu acordo com a Procuradoria-Geral da República. Passados dois meses de abalo nas estruturas do Palácio do Planalto, ele alega que decidiu "entregar ao tempo a missão de revelar a razão".
"De uma hora para outra, passei de maior produtor de proteína animal do mundo, de presidente do maior grupo empresarial privado brasileiro, a 'notório falastrão', 'bandido confesso', 'sujeito bisonho' e tantas outras expressões desrespeitosas", escreveu o empresário.
Na visão dele, construiu-se a "imagem perfeita" de um empresário "irresponsável e aproveitador que tocou fogo no país, roubou milhões e foi curtir a vida no exterior". Com a repercussão, segundo Joesley, políticos que se beneficiavam dos recursos da J&F passaram a criticá-lo e a mentir.
A data em que a colaboração vazou — aniversário de um de seus filhos — foi também, segundo o empresário, "o dia de seu renascimento". Joesley explicou que se sentiu "um novo ser humano com coragem para romper elos inimagináveis da corrupção praticada pelas maiores autoridades" do Brasil.
"Eles (os políticos) estão em modo de negação. Não os julgo. Sei o que é isso. Antes de me decidir pela colaboração premiada, eu também fazia o mesmo. Achava que estava convencendo os outros, mas na realidade enganava a mim mesmo, traía a minha história, não honrava o passado de trabalho da minha família", destacou o delator.
'INIMIGO PÚBLICO NÚMERO UM'
Joesley ainda ressaltou no artigo o quanto considerou "absurda" a veiculação de imagens suas e de sua família no aeroporto, "como se estivessem fugindo" para o exterior. Desde então, ele disse que foca na segurança de seus parentes e na saúda financeira das empresas. Mas alega que jamais usou a delação para obter lucro.
"Nessa altura, porém, eu já havia sido transformado no inimigo público número um, e nada do que eu falasse mereceria crédito (...) Mentiram que eu estaria protegendo o ex-presidente Lula; mentiram que eu seria o responsável pelo vazamento do áudio para imprensa para ganhar milhões com especulações financeiras; mentiram que eu teria editado as gravações", elencou.
A maior das mistificações, na avaliação de Joesley, foi atribuir a ele o papel de estragar a recuperação da economia brasileira, "como se ela fosse frágil a ponto de ter que baixar a cabeça para políticos corruptos", alegou.
De volta a São Paulo, Joesley lembrou ainda a multa de R$ 10,3 bilhões que a J%F deverá pagar como resultado do acordo de leniência.
"Essa obrigação servirá para que nossas próximas gerações jamais se esqueçam dessa lição do que não fazer", frisou.
(O Globo)