A Polícia Federal concluiu nesta segunda-feira (26), em novo relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal, que o presidente Michel Temer praticou o crime de obstrução de Justiça. Segundo a PF, Temer “embaraçou a investigação” ao “incentivar” a manutenção de “pagamentos ilegítimos” ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) e ao não ter acionado as autoridades competentes quando ouviu o empresário Joesley Batista dizer que estava “comprando” e “segurando” procuradores e juízes para obter benefícios em investigações das quais era alvo.
As constatações se baseiam na conversa travada entre Joesley e Temer num encontro não oficial ocorrido na noite do dia 7 de março, no Palácio do Jaburu. O executivo gravou secretamente o diálogo e entregou o áudio à Procuradoria-Geral da República para conseguir fechar o acordo de delação premiada, que, no fim, concedeu-lhe imunidade penal por todos os delitos confessados até aquele momento.
Temer foi gravado pelo dono da empresa e delator, Joesley Batista, em uma conversa no Palácio do Jaburu no dia 7 de março. No diálogo, o presidente diz “ótimo, ótimo” quando o empresário revelou estar “comprando” um procurador do Ministério Público Federal e “segurando” dois juízes, além de ter respondido “tem que manter isso, viu?” diante da afirmação de Joesley de que estava “de bem” com o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro, ambos presos.
O áudio foi periciado pelo Instituto Nacional de Criminalística (INC) da Polícia, que afastou a possibilidade de adulteração nos arquivos — a defesa de Temer questionava a integridade das gravações apresentadas por Joesley. O laudo foi anexado nesta segunda-feira no processo que investiga o presidente pelos crimes de corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa, instaurado a partir das delações premiadas da JBS.