Preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, desde a noite de quarta-feira (19), o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) já dá sinais de que pretende negociar um acordo de delação premiada. O deputado cassado contratou o advogado Marlus Arns, que já atua em acordos de delação premiada de empresários na Lava Jato.
De acordo com o Valor Econômico, Cunha disse a seus advogados estar disposto a colaborar com as investigações da Lava Jato. "Eu quero falar, eu vou falar", afirmou o ex-presidente da Câmara, de acordo com o jornal. Arns é o responsável pelos acordos de colaboração dos empreiteiros Dalton Avancini, Eduardo Leite e Paulo Augusto Santos, da Camargo Corrêa, e do empresário João Bernardi Filho.
No entanto, segundo informações do Estadão, ao deixar a sede da Federal na capital paranaense nesta quinta (20), o advogado afirmou que delação premiada "não foi tema de conversa" que teve com o ex-deputado.
Risco para o processo
Cunha acabou preso por ordem de Sérgio Moro. O juiz federal acolheu os argumentos da força-tarefa da Procuradoria da República de que apontava que a liberdade do ex-deputado representava um "risco para a instrução do processo e para a ordem pública".
Calafrios no governo Temer
A prisão de Eduardo Cunha após longo período de investigações na Operação Lava Jato causa transtornos em Brasília. Dentro do governo Michel Temer (PMDB), a visão é de que o deputado cassado e, até pouco tempo, todo poderoso presidente da Câmara dos Deputados, pode agir de forma "vingativa" e "não cair sozinho".
Também ontem, ao deixar o exame de corpo delito, no Instituto Médico Legal (IML), de Curitiba, falou rapidamente sobre sua prisão: "É uma decisão absurda".
(Valor Econômico)