A delação do senador Delcídio do Amaral (sem partido) na Operação Lava Jato continua a fazer estragos. Ontem (segunda,2), pedido de abertura de inquéritos feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, atingiu a cúpula do PMDB, o PSDB e o PT, além de um ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).
Caso o Supremo Tribunal Federal (STF) aceite o pedido, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, deverá prestar depoimento em até 90 dias sobre a suspeita de ter recebido propina por Furnas. Janot solicita abertura de dois inquéritos para investigar o tucano.
De acordo com o procurador, novas informações da delação do doleiro Alberto Youssef apontam que Aécio teria recebido valores mensais, por intermédio de sua irmã, da empresa Bauruense, contratada por Furnas. Também deve ser ouvido o ex-diretor da estatal Dimas Toledo, citado por Delcídio como responsável por repasses de propina.
Janot pediu ainda inquérito contra Aécio e o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) por suspeitas de envolvimento em maquiagem de dados do Banco Rural para esconder o mensalão mineiro, na época em que Aécio era governador de Minas.
Os senadores do PMDB Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR), Valdir Raupp (RO) e Jader Barbalho (PA) podem ter seus inquéritos alterados para incluir investigação sobre recebimento de propina pela construção da usina de Belo Monte. Foi pedida também a abertura de inquérito contra o deputado Marco Maia (PT-RS) e o ministro do TCU Vital do Rêgo.
Presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ) é novamente alvo da PGR. Se o STF aceitar pedido de inquérito, será o sexto procedimento no qual o deputado estará envolvido (duas denúncias e três outros inquéritos).
Quem também volta a ficar sob a mira de Janot é o ministro das Comunicações da presidente Dilma e coordenador da campanha da petista em 2014, Edinho Silva. Segundo Delcídio, o ministro o orientou a receber, via caixa dois, o pagamento de dívidas de campanha de R$ 1 milhão por meio de laboratório farmacêutico, a EMS. Ainda não houve resposta do ministro do Supremo Teori Zavascki, relator dos casos relacionados à Lava Jato na Corte.
(O Povo)