Além de determinar a abertura de inquérito para investigar 47 políticos supostamente envolvidos no esquema apurado pela Operação Lava Jato, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki autorizou a quebra de sigilo das delações do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef e a íntegra dos depoimentos deverá ser divulgada nos próximos dias, quando os processos forem cadastrados oficialmente no sistema da Corte.
Na sexta (6), Zavascki decidiu autorizar a abertura de inquérito para investigar 49 pessoas – das quais 47 políticos – suspeitos de participação no esquema. Entre os que serão investigados, há 22 deputados federais, 12 senadores, 12 ex-deputados e uma ex-governadora, pertencentes a cinco partidos, além de dois dos chamados "operadores" do esquema – o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e lobista Fernando Soares, o "Fernando Baiano".
Ao autorizar a quebra de sigilo das delações de Costa e Youssef, Zavascki argumentou que, embora a lei afirme que o sigilo deve ser mantido até o recebimento da denúncia, não há mais razão para as delações permanecerem em segredo, uma vez que o êxito das investigações está garantido.
Delações
Foi o ministro Teori, relator dos processos da Lava Jato no Supremo que homologou as delações de Paulo Roberto Costa e Youssef. Com a homologação, o ministro aprovou os termos do acordo feito pelo Ministério Público com o ex-diretor da Petrobras e o doleiro na delação premiada, pela qual eles apontam delitos, nomes de envolvidos e como obter as provas em troca de uma possível redução da pena, caso o que falaram seja comprovado.
Paulo Roberto Costa, por exemplo, chegou que a afirmar que recebeu US$ 31,5 milhões em propina da Odebrecht, uma das construtoras investigadas na Operação Lava Jato - o que a empresa nega.
Youssef, por sua vez, disse ter intermediado pagamento de propina das empresas Camargo Corrêa e Mitsui Toyo ao Partido dos Trabalhadores (PT) por meio do ex-ministro José Dirceu e do tesoureiro petista João Vaccari Neto - todos os acusados negam.
Entenda a Lava Jato
Deflagrada em 17 de março de 2014 pela Polícia Federal (PF), a Operação Lava Jato desmontou um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que, segundo as autoridades policiais, movimentou cerca de R$ 10 bilhões. De acordo com a PF, as investigações identificaram um grupo brasileiro especializado no mercado clandestino de câmbio.
A Petrobras está no centro das investigações da operação, que apontou dirigentes da estatal envolvidos no pagamento de propina a políticos e executivos de empresas que firmaram contratos com a petroleira.
Entre os delitos cometidos por supostos "clientes" do esquema de movimentação ilegal de dinheiro estão tráfico internacional de drogas, corrupção de agentes públicos, sonegação fiscal, evasão de divisas, extração, contrabando de pedras preciosas e desvios de recursos públicos.
(G1)