segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Crônica de Renato Casimiro: "Boa Tarde para Você, José Wellington Souza"


Boa Tarde para Você, José Wellington Souza

Eu e você, Wellington, gente nascida aqui, amantes desta terra de tantas qualidades e defeitos, bem sabemos como admirar este chão sagrado do nosso viver, a ponto de escolher certos cartões postais nesta convivência amorosa.
Concordo inteiramente com você que a Praça Padre Cícero ainda, apesar dos pesares, é a mais formosa visão para os nossos olhos, porque, sem dúvida esses olhares carregam histórias de meninice e juventude, ambiente de cenas que nos ajudam a falar de emoções idas e vividas.
A Praça é diferente, e nem pode se associar a uma nova visão aérea de certos espaços, a monumental estátua do Horto, o Romeirão cheio em dias de jogos decisivos, ou esta modernosa atualidade do triângulo, das altas e volumosas edificações em tal verticalidade, do shopping e do formigueiro urbano em tempo de romaria.
Concordo com você, Wellington, pois ela está impondo vexames aos seus usuários, por apresentar graves pecados como equipamento urbano tão desejável e tão pouco útil ao cidadão comum, nos enchendo de frustrações até em tentar percorrê-la.
Por sua provocação e num simplório exercício eu reuni alguns dos mais graves problemas que eu enxergo na Praça e até gostaria muito de influir e contribuir para reduzir ou minimizar, mesmo que alertando na superficialidade destes problemas, para não incorrer na banalidade de apenas reclamar e nada mais fazer.
A primeira grande questão que você aponta, Wellington, nos desafia como um povo civilizado, educado e disciplinado para uma vida em comum, em se tratando do lixo que habitualmente se acumula em grande quantidade em todos os espaços da Praça.
É triste constatar que, no exato momento desta manhã de segunda feira, não há um só latão para coleta de lixo na Praça Pe. Cícero, enquanto um único gari se esforça para recolher os resíduos deste chiqueiro no último fim de semana.
Não posso deixar de considerar outros graves pecados da Praça, Wellington, como o que a faz viver a invasão do privado sobre o público, onde qualquer pessoa faz dela o seu estabelecimento de negócio, sem perguntar a quem quer que seja se pode ou não.
Não posso deixar de olhar, também, a absoluta falta de manutenção preventiva e corretiva dos seus equipamentos, como, por exemplo, o seu relógio na coluna que durante todo o ano de 2014 bateu todas as horas defasado em 15 minutos da hora oficial do país.
Não é possível esquecer que outro grande pecado é o que diz respeito ao ajardinamento, agora enfeado por pneus velhos num arremedo de canteiros e a sua paisagem, onde já estão decrépitas e em vias de tombamento algumas das velhas
palmeiras que não foram convenientemente tratadas para uma revitalização e o necessário combate de pragas.
Não podemos nos omitir, Wellington, e nisto sua pertinente observação, diante do fato que a Praça empobreceu estes anos pela perda de seus monumentos e se viu degradada também pelo entorno indisciplinado de comerciantes de biroscas que só contribuem para a sua depreciação.
A Praça encolheu e já não é o quadro grande de então, onde até há dificuldades para estacionamentos preferencias de taxis, serviços públicos e as atenções especiais, pois o entorno da Praça, nos espaços compreendidos entre as quatro ruas que a margeiam, passou a exercer uma pressão descomunal para o pioramento do que ela poderia nos oferecer de bom.
Agradeço-lhe pela sua atenção, Wellington, por nos termos permitido este diálogo, esta troca de ideias sobre aquilo que ainda poderá, tomara, nos devolver “A mesma praça, o mesmo banco, as mesmas flores, o mesmo jardim.” Embora, hoje, nem tudo seja igual, e por isso mesmo eu e você estamos tristes...
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 12.01.2015. A crônica é publicada toda segunda, quarta e sexta-feiras, após sua leitura no Jornal da Tarde)

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