As crônicas de Renato Casimiro são publicadas no blog após sua leitura no Jornal da Tarde, as segunda,quarta e sexta-feiras |
"O calendário que já estamos vivendo neste novo ano de 2015 enseja-nos neste mês de janeiro as oportunidades de celebrar, ou mesmo de nos sensibilizarmos por diversas causas como a dos enfermos, dos hemofílicos (aliás, ontem), da liberdade dos cultos, das religiões, do controle da poluição, dos aposentados, da memória das vítimas do holocausto, do combate ao trabalho escravo, e dezenas de outras motivações.
Janeiro, como porta de um novo tempo, é também a ocasião propícia para celebrações do que, a rigor, nem precisaria ter dia específico para assinalar e guardar a nossa sensibilidade e respeito.
E assim, estão no calendário deste mês os dias da fraternidade universal (abrindo o ano), do riso, da solidariedade, da hospitalidade, da saudade e o dia da gratidão que se pode celebrar amanhã, mas de preferência, todos eles, por todos os dias de nossas vidas.
Dou Graças a Deus, Dr. Danúbio, porque em todos os momentos de minha vida eu fui instruído, esclarecido, orientado, protegido e servido por um sem número de pessoas, como você, para os quais eu procurei manifestar a minha gratidão por tantas atenções, cuidados e zelo.
Lembro-me que em 1984, quando encerrei a elaboração de minha tese doutoral, com a qual trinta anos depois eu fui reconhecido, também, pela Faculdade de Juazeiro do Norte, sob a sua direção, para ter ingressado no corpo de sua equipe, eu já tinha mencionado na primeira página daquele documento a expressão que me vale neste instante como uma lembrança ativa e pessoal do que me tem seguido pela vida.
Disse-nos um dia o prof. Albert Einstein: “Cem vezes ao dia eu lembro a mim mesmo que minha vida, interior e exterior, depende dos trabalhos de outros homens, vivos ou mortos, e que devo esforçar-me a fim de devolver na mesma medida que recebi e recebo.”
É com este espírito, Dr. Danúbio, que nesta tarde eu me dirijo ao senhor, essencialmente, para que não lhe tarde, nesta manifestação pública, talvez desnecessária, o reconhecimento de quanto sou grato e reservo parte daquilo que a vida me garantiu para servir, não apenas à instituição que o senhor dirige magistralmente, mas também para assegurar o quanto desejei continuar servindo, pela competência que a vida me assegurou.
Quando me for desta, a despeito de tão pouco ter colaborado para um mundo melhor, eu gostaria de ser lembrado que por toda a existência eu não me descuidei em reconhecer o quanto devo ser grato, o quanto vali por isto e quase não vali por qualquer outra coisa.
Eu apenas gostaria de ser reconhecido como um homem cujo legado refletirá a gratidão pela graça de ter tido a vida que viveu, dos homens e mulheres que conheceu, da família que lhe gerou e abrigou em seios de carinho e afeto, e de instituições como a Universidade Federal do Ceará e a Faculdade de Juazeiro do Norte que me permitiu o reingresso na docência, neste recente passado 2014, retirando-me da tão desejada aposentadoria.
Na nossa tradição cristã, o dia de amanhã se reserva para a histórica e litúrgica celebração da Epifania, na figura dos reis magos que visitam o Salvador e tributam, simbolicamente, o melhor de suas vidas, certos de que já não eram os únicos responsáveis pela sua própria condição.
A gratidão que eu ainda espero demonstra-lhe, Dr. Danúbio, nada tem a ver com o servilismo, com a bajulação, ou com a subserviência hierárquica.
Ela se arrima num mínimo de habilidades, ponteadas por predicados de serviço, de fidelidade, de identidade de propósitos, de admiração, de respeito e amizade que vou construindo com entusiasmo, ao tempo em que vivemos juntos o grande desafio da educação brasileira".
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 05.01.2015)