Boa Tarde para Você, Francisco de Assis Sobreira Quintino
Quando lhe disse ontem à noite da minha imensa alegria em revê-lo, depois de várias décadas que passaram sem os nossos abraços fraternos, você me disse, quase filosofando: “Voltar é uma forma de renascer. E na volta, a gente nunca se perde...”
Quem assim sentenciou, você mesmo me disse que nunca soube.
Mas lhe asseguro que foi o notável José Américo de Almeida, aquele paraibano extraordinário, certamente em um destes momentos nos quais se sente que um filho pródigo retorna ao seu chão amado.
Naquele instante, ao nos abraçarmos, eu estava com a edição mais recente do jornal Folha de Juazeiro, a de número 314, a tiragem deste mês de dezembro, em mais de 45 anos de existência, onde se lia na sua cabeça, “...fundado em 17.08.1969, por Jackson Pires Barbosa e Assis Sobreira”.
Você estava ali, Assis, mais uma vez, na fidelidade irretocável deste jornal e no compromisso social de grande mérito, mantido a duras penas pela exemplar reverência de José Bernardo da Silva Neto e de sua mãe, Zuzinha Barbosa, e disso quase choramos juntos.
Não deixa de ser um tanto melancólico ver suas edições mais recentes, tão minguadas em até somente Quatro páginas por mês, para ao lado disto sentir o conforto daquilo que é lutar bravamente para que esta terra continue tendo nele um dos seus porta-vozes.
Fruto disto é encontrar na cena matutina deste dia de hoje, o Bernardo Neto, com enorme bolsa a tiracolo, amanhecendo no bairro de Santa Teresa, e distribuindo seus exemplares na mão de cada leitor, como se cada um fosse uma nova esperança no revigoramento ou na ressureição de tantos e permanentes ideias, e no fortalecimento de uma imprensa formadora de opinião.
É nesta paisagem que você, Assis, está de volta, na primeira página de um dos seus jornais e o tempo nos guardou você, e não se incomodou que daqui você tenha ido por aí, por São Paulo, por Viçosa, por Carnaíba, por Fortaleza, vencendo léguas tiranas e trabalhando firme e forte em anos sem fim.
Cá o temos de volta, como herdeiro das memórias de seus pais, Edite e Amâncio Quintino, e dos seus irmãos, especialmente de Almery e do Alcely, nas graças do eterno, e a testemunho vivo de Aldemir e Célia, em Fortaleza, e de Amaury, em Russas, como parte das heranças da juventude que nos viu passar.
Recebemos hoje a sua visita, no dia do seu aniversário, em data tão feliz desta nossa cristandade, para também nos dar a oportunidade de celebrar e darmos graças a Deus pelo dom de sua vida.
É assim que nos cabe lembrar e reverenciar com tanto afeto todos aqueles de quem sabemos que daqui saíram e para cá voltaram um dia, nos dizendo, como você, com a alma lavada e enxaguada em tanto amor: “...quando fui embora, foi comigo o Juazeiro e tantos anos fora, mas o Juazeiro jamais saiu de dentro de mim...”
Por isso, me avexei em lhe dar noticias breves destes tempos corridos, lembrando o Beco de Catarina, a saudade de tantos amigos, alguns dos quais exilados na eternidade, dos tempos da CELCA, dos velhos colégios, da praça e dos namoros, do Centro Estudantal Juazeirense, do Tibério, da AJI, daquela imprensa dos idos do Pioneiro, do Tribuna, de jornalistas e de oficinas.
Parabéns, Assis, e que o dia de hoje, na mesma data em que sempre celebrávamos o dia dos seus anos, lhe reserve as gratas alegrias do reencontro com parte de sua família, com os amigos que nunca se esqueceram de você e lhe tributam um preito de afeto e gratidão, manifestando votos de um Feliz Natal e de um Ano Novo muito próspero.
Seja bem vindo, Assis Sobreira, para este congraçamento tão ansiosamente aguardado e muito obrigado por parte de sua obra que aqui ficou a nos dizer que enquanto foi possível, um filho teu não fugiu à luta.
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 24.12.2014)