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Renato Casimiro. |
A partir desta quarta-feira (10), sempre as segundas, quartas e sextas-feiras, esse blog passará a publicar a crônica do professor e escritor Renato Casimiro. Sempre após sua leitura no programa Jornal da Tarde, sob o comando do jornalista João Hilário, na Rádio FM Padre Cícero, de Juazeiro do Norte, o leitor do blog poderá conferir na íntegra a crônica.
Aqui deixo meu agradecimento ao companheiro João Hilário por tornar viável esse projeto.
Na crônica desta quarta-feira, Renato Casimiro homenageia seu colega e amigo Francisco Renato de Sousa Dantas.
"Boa Tarde para Você, Francisco Renato Sousa Dantas
Na última lua cheia, no agradabilíssimo encontro mensal destes “fanáticos”, recebemos de você, meu querido Renato Dantas, com indisfarçável contentamento, a notícia de que o processo que havia sido instaurado, e que o arrolava como membro da quadrilha daquele famigerado Juá Forró 2008, foi finalmente arquivado.
Deste embrulho horroroso, você foi, finalmente e exemplarmente, isentado daquilo que se propalava e que não poderia comportá-lo pela prática criminosa de formação de quadrilha, fraude em licitação, peculato e lavagem de dinheiro.
Duros momentos, Renato, terríveis instantes aqueles em que sua casa foi invadida para busca e apreensão de documentos, computador e pertences que já caíam sob suspeição, como se ali estivesse abrigada a prova de um crime que você jamais cometera.
Disso sabíamos nós, aqueles que o conheceram precocemente, na velha e tão amada Escola Normal Rural de Juazeiro do Norte, em meados dos anos 50, quando você já era alvo espontâneo de uma consagração pela genialidade que se anunciava, na timidez e na simplicidade de cenas de palco e na recitação de textos poéticos e de esquetes teatrais, tal a sua sensibilidade.
Tudo aconteceu a uma tal revelia, pois não se perguntou coisa alguma, quem era Renato Dantas, quem era aquele secretário de Cultura de então, quem era, enfim, aquele cidadão de bem, um ordenador de despesas da burocracia municipal, indefeso na sua boa vontade de trabalhar pela grandeza de sua terra.
No resumo da ópera, mercê da lerda inércia do poder competente, encontra-se pela internet um Parecer a seu respeito, do qual extraio o seguinte trecho, do douto juizado: “Considerando o teor das falhas remanescentes, de caráter eminentemente formal, bem como tendo em vista ter sido sanada a maioria das implicações constantes do relato inicial, deixamos de sugerir a aplicação de qualquer penalidade, salvo para recomendar um maior zelo por parte da administração municipal em cumprir estritamente as normas licitatórias as quais está adstrita, sob pena de incorrer em reincidência, acaso cometa novas irregularidades da mesma natureza. Assim, no entendimento do MPC, a análise do conteúdo do trabalho técnico indica que a presente TCE seja julgada improcedente, com base no Art. 30 da Resolução n°. 08/2004, em decorrência do exposto acima.”
Agora, meu caro amigo, espero sinceramente que este truculento trato que lhe arrancou instrumentos de sua criação e de sua mais elaborada vivência artístico-cultural sejam, de fato, como se recomenda, devolvidos para que as marcas deste tempo possam ceder a um esquecimento por algo superior, no bem que alimenta sua vida.
É necessário se fazer justiça devolvendo o que de fato estava naquele computador, agora chancelado pelo visto e revisto de uma autoridade policial que, se não nos enganamos, pode até ter ficado surpreso pelo fato de que um grande artista como você, Renato Dantas, de vida dedicada ao teatro, à literatura e às artes cênicas, fosse confundido com a marginalidade que se abriga nos casulos obscuros da gestão pública.
Receba de todos nós, um abraço fraterno, por este seu digno e honrado exemplo de vida".
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 10.12.2014)