segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Crônica de Renato Casimiro: "Boa tarde da para você, Luiz Felisberto Nunes Oliveira


Boa Tarde para Você, Luiz Felisberto Nunes Oliveira.
Tanto tempo sem lhe ver, Felisberto, que você não imagina a alegria de reencontrá-lo noutro dia no aeroporto de Brasília.
Foi longa e ótima a nossa conversa, graças à sua ilustração e bom humor, e ao atraso do voo para nos trazer de volta a esta santa terrinha, especialmente porque tivemos um pouco de tempo para revisar algumas coisas das histórias recentes deste nosso Juazeirinho.
Como você passou pelo Planejamento municipal, dei-lhe crédito e confiança, o suficiente para não deixarmos de analisar este vexame presente, com o qual o executivo municipal insiste em propor um projeto mal explicado, para ter a liberdade de ir ao mercado, para mais explorar o contribuinte com a suspeitosa tributação extorsiva.
Desta conversa, Felisberto, alertei-me para um elo perdido do meu entendimento, de uma destas antigas leituras que sabia ser da lavra da então ministra britânica Thatcher, e que lera algum dia. Finalmente a encontro e me permita que a relembre, quando ela nos diz:
Um dos grandes debates do nosso tempo é sobre quanto do seu dinheiro deve ser gasto pelo Estado e com quanto você deve ficar para gastar com sua família. Não nos esqueçamos nunca desta verdade fundamental: o Estado não tem outra fonte de recursos além do dinheiro que as pessoas ganham por si próprias. Se o Estado deseja gastar mais ele só pode fazê-lo tomando emprestado sua poupança ou cobrando mais tributos. E não adianta pensar que alguém irá pagar. Esse “alguém” é você. Não existe essa coisa de dinheiro público. Existe apenas o dinheiro dos pagadores de impostos, por inventarmos mais e mais programas generosos de gastos públicos. Você não enriquece por pedir outro talão de cheque ao banco. E nenhuma nação jamais se tornou próspera por tributar seus cidadãos além de sua capacidade de pagar. Nós temos o dever de garantir que cada centavo que arrecadamos com a tributação seja gasto bem e sabiamente. Pois é o nosso partido que é dedicado à boa economia doméstica. Proteger a carteira do cidadão, proteger os serviços públicos essas são duas maiores tarefas e ambas devem ser conciliadas. Como seria prazeroso “gaste mais nisso, gaste mais naquilo”. É claro que todos nós temos causas favoritas. Mas alguém tem que fazer as contas. Toda empresa tem que fazê-lo, toda dona de casa tem que fazê-lo, todo governo deve fazê-lo, e este irá fazê-lo.
Não há dúvida alguma, Felisberto, que de tais palavras logo reconhecemos esta lucidez posta na simplicidade de quem analisa premissas de Estado, à luz de uma economia doméstica, e por princípios tão lógicos, insuperáveis e inadiáveis.
Você tem plena razão quando me diz que na contramão desta lucidez está o descontrole sobre contas públicas, a corrupção desbragada e a falta de planejamento que não elege o prioritário da comunidade, para ceder frequentemente às tentações dos acordos imundos entre empresários aloprados e muito mais aloprados gestores públicos, asquerosas e insaciáveis personagens do parasitismo politiqueiro e palaciano.
No caso específico deste malfadado projeto que contribuiria para o nosso endividamento por mais uns 10 anos, triste é constatar as manobras injustificáveis do Executivo até em instruir o pedido de aprovação, sonegando dados e omitindo informações sobre a aplicação dos recursos.
Como, pois, aprovar uma imoralidade destas? Não me escondo, Felisberto, para dizer de público o quanto isto me agride como cidadão e pagador de impostos, e por tais prerrogativas, pedir aos senhores vereadores desta nossa Câmara, a urgência, inclusive, para que não deixem de manifestar, pela representação que lhes concedemos, o desprezo e a unânime desaprovação deste Projeto.
Por fim, Deus nos livre, quem sabe também pelo nosso voto, desta gente nojenta que continua a nos assaltar, por ser ignorante, ou no mínimo, gente de má fé, com uma pretensa e falaciosa modernidade para o desempenho do aparelho coletor de impostos, comprometendo cada vez mais estas combalidas contas que não tem nada de parecido com aquelas que nós mesmos fazemos todos os meses, quando cada um recebe o seu, nem sempre justo, mas merecido salário, para prover o pão nosso de cada dia.
(Crônica lida durante o Jornal da Tarde, da FM Padre Cícero, Juazeiro do Norte, em 15.12.2014)

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