Zarele é secretária de Gestão. |
Sobre a reunião dos vereadores da Câmara Municipal de Juazeiro do Norte com a secretária de Gestão e Planejamento, Raimunda Zareli Catonho,um detalhe me chamou atenção. Foi exatamente um dos argumentos citados pela secretários para convencer - ou melhor, aí se convenceu quem quis -, os parlamentares.
Primeiro, Zarele Catonho reconheceu o erro do Executivo que, ao solicitar inicialmente, empréstimo superior aos R$ 50 milhões, não havia sido feito nenhum estudo aprofundado. Depois como poder de convencimento, comparou a cidade de Mauriti a Juazeiro do Norte, citando que a primeira com população estimada em pouco mais de 20 mil habitantes, conseguiu a liberação de R$ 11 milhões, enquanto que Juazeiro possui uma população mais de 10 vezes maior que Mauriti está pleiteando "apenas" R$ 22 milhões. Seria como um erro justificasse o outro, pois se Mauriti errou ao pedir mais do que devia, não é necessário ou não se explica razão para Juazeiro ter também o direito de errar.
Sem nenhum esforço de memória, os vereadores sorriram e agradeceram a explicação. Acharam tudo bonitinho. Terá sido a pressão que sofreram pela ameaça de perda de cargos de confiança na administração do município?
Porém, esqueceu a secretária Raimunda Zareli de questionar com nosso parlamentares que estar em jogo é a saúde financeira do município a partir de 2017, quando as instituições financeiras irão começar a cobrar o dinheiro emprestado corrigido com juros. Aí é que o bicho vai pegar. Quem garante que Raimundão vai conquistar uma reeleição em 2016? E a conta fica mesmo para o próximo gestor? Empurrar com a barriga é a solução?
Nenhum dos vereadores presentes a reunião questionou como se dará a forma de pagamento do empréstimo e nem a secretária garantiu que o dinheiro investido na modernização do sistema tributário do município irá gerar novos recursos necessários para garantir o pagamento do empréstimo.
Quase que jogando a tolha, a população tenta agora, se agarrar na rígida fiscalização e controladoria da Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), que vai avaliar a saúde financeira de Juazeiro do Norte, antes de liberar o empréstimo. É que para aprovação mesmo junto a outras instituições financeiras, é necessário o aval do BNDES, que mede o grau de endividamento do município.
Vale apenas ressaltar que estudo estimativo feito pelo órgão avaliou entre R$ 7 milhões a R$ 8 milhões a capacidade de Juazeiro conseguir empréstimo. Portanto, muito longe dos R$ 22 milhões desejados.