Com apenas uma nota fiscal emitida ao mês, deputados
federais conseguem usar toda a cota de combustíveis a que têm direito. No
Senado, os valores chegam a ultrapassar os R$ 20 mil. Entre os documentos
apresentados, estão notas de postos de combustível de parentes dos
parlamentares e estabelecimentos que foram doadores em suas campanhas.
Nas notas apresentadas pelo deputado Manoel Salviano
(PSD-CE), o "desconto" é mais claro. Consta no documento de janeiro,
por exemplo, "valor dos produtos: 4.510,45" e, logo abaixo, o
"valor total da nota: 4.500,00". O dono do posto em que Salviano
abastece todos os meses consta nos registros do Tribunal Superior Eleitoral
como financiador da campanha do parlamentar.
Levantamento feito pelo Estado mostra que, no primeiro
semestre, dez deputados gastaram até o último centavo a que têm direito. Eles
apresentaram apenas uma nota por mês com o valor total da cota, sempre em seus
Estados de origem, nos mesmos estabelecimentos ou pertencentes ao mesmo dono.
De janeiro a junho, a Câmara dos Deputados gastou R$ 7,8
milhões para reembolsar os gastos de parlamentares com combustíveis e
lubrificantes. Cada um tem direito a consumir R$ 4,5 mil mensais para abastecer
veículos usados no exercício do cargo.
Ângelo Agnolin (PDT-TO), por exemplo, traz na descrição da
nota apresentada em março o consumo de 1.521 litros de gasolina, o que seria
suficiente para fazer um carro médio rodar pelo menos 15 mil quilômetros. Ainda
na mesma nota, o deputado paga três preços diferentes de gasolina comum (R$
2,79, R$ 2,95 e R$ 3,12).
(Com informações da
Agência Estado)